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CES Summer School

Globalização, direito e justiça criminal

7 a 9 de setembro de 2017

CES-Sofia | Colégio da Graça (Coimbra)

Apresentação



Os desafios que, hoje, se colocam aos sistemas de justiça criminal nos vários países são muito exigentes. A criminalidade que atinge de forma mais predadora as pessoas e a sociedade no seu conjunto (como é o caso do tráfico de pessoas, de órgãos, de droga e de armas, do terrorismo, das transações ilícitas de capitais, da corrupção, do branqueamento de capitais, da segurança alimentar, do cibercrime, etc.) ocorre num contexto de intensa globalização de determinados setores em que a ação dos agentes criminais se desenvolve, cada vez mais, em organizações e ou com métodos de atuação com conexões internacionais, mesmo quando o impacto dessa ação se circunscreve localmente. A ampla utilização dos dispositivos móveis, tais como smartphones e tablets, dispondo de uma vasta informação pessoal, como registo de chamadas e mensagens, fotografias, agendas, passwords, contas bancárias, etc, torna-os fontes de informação de enorme utilidade num contexto de investigação criminal.

A rápida internacionalização da criminalidade encontra "facilidades" na ação dos sistemas penais que foram desenhados segundo um esquema nacional, em que o direito penal é visto como o último reduto da soberania dos Estados, o que torna difícil a cooperação judiciária e, mais ainda, a harmonização normativa, mesmo no âmbito de espaços políticos assentes na ideia de unidade, como é o caso da União Europeia. Mas, a eficácia e a eficiência exigidas aos vários atores que intervêm no sistema, não pode omitir o respeito pelas garantias inerentes a um Estado de Direito, obrigando a que não se deixe de fora do debate o equilíbrio entre a exigência de garantias e as respostas sustentadas na eficácia e eficiência decorrentes de procedimentos céleres e diferenciados que não descurem o respeito pelo valor da dignidade humana e pelos direitos e garantias constitucionais. Importa destacar o caminho essencial que alguma jurisprudência, nomeadamente dos Tribunais Europeus, vem trilhando e que é hoje essencial na aplicação das respostas legislativas.

Neste enquadramento, o curso tem como objetivo central refletir em torno dos desafios e das soluções, de caráter legal e organizacional, e de boas práticas que a estrutura complexa e transnacional do crime colocam ao direito e à justiça penal de cada Estado, tanto no domínio da prevenção como da investigação e mesmo do julgamento

 

Coordenação | José Mouraz Lopes Conceição Gomes 


José Mouraz Lopes - Juiz Conselheiro no Tribunal de Contas, doutorado em Direito, Justiça e Cidadania pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi docente do Centro de Estudos Judiciários, Diretor Nacional Adjunto da Polícia Judiciária, Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, director das revistas Sub Judice e JULGAR e é membro do Grupo da Colectânea de Jurisprudência. Detém experiência em formação a distância e vasto e reconhecido conhecimento dos temas a abordar no Curso. Tem várias obras publicadas, nomeadamente Os crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, Coimbra Editora, 4ª edição (revista) 2008;Garantia Judiciária no Processo Penal, Coimbra Editora, 2000; A Tutela da Imparcialidade endoprocessual no Processo Penal Português, Coimbra Editora, 2004; Justiça, Um Olhar (Des) Comprometido, Almedina, Coimbra, 2005; O espectro da Corrupção, Almedina, Coimbra, 2011; A Fundamentação da Sentença no sistema penal português, Almedina, Coimbra, 2011, e artigos científicos em revistas jurídicas em Portugal, Espanha e Brasil.


Conceição Gomes - Investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Coordenadora Executiva do Observatório Permanente da Justiça e da Unidade de Formação Jurídica e Judiciária. Tem coordenado ou participado na coordenação de estudos nas áreas das políticas e reformas do direito, da justiça e dos tribunais e da cooperação judiciária. Além de Portugal, desenvolveu projetos de investigação em Macau, Moçambique, Angola e no espaço da União Europeia, de que são exemplos os estudos sobre o mapa judiciário em Portugal, o tráfico de mulheres para fins de exploração sexual, os tribunais judiciais em Angola ou o mandado de detenção europeu. Tem participado em vários grupos de trabalho sobre reformas da justiça. Leciona em programas de formação avançada. Tem várias publicações sobre temas no âmbito das áreas de trabalho. Os interesses atuais de investigação centram-se nos domínios da sociologia do direito e da sociologia da administração da justiça, Estado e poder judicial e reformas da justiça.
 

Destinatários

Juíze/as, Magistrados/as do Ministério Público, académicos/as, investigadores/as, membros de órgãos de polícia criminal, estudantes, jornalistas.


Inscrição

Valor de inscrição: €120,00
1.ª fase: até 21 de agosto: € 96,00
2.ª fase: 22 de agosto a 04 de setembro: € 120,00

Nota: Membros da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público e da Ordem dos Advogados beneficiam de um desconto de 10% sobre a taxa de inscrição


Número de participantes: Mínimo15 | Máximo 22

Programa

 

Sessão 1 | 7 setembro 2017
9h30 – 12h30
Seminário de abertura
Questões criminais relevantes na jurisprudência: discussão jurisprudencial de acórdãos e decisões dos tribunais nacionais, do Tribunal Europeu de Justiça e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, previamente selecionados | Paulo Pinto de Albuquerque e José Mouraz Lopes

Sessão 2 | 7 setembro 2017
14h30 – 17h30
Respostas legais e institucionais contra o cibercrime | Pedro Verdelho

Sessão 3 | 8 setembro 2017
9h30 – 12h30
A prova obtida em contexto transnacional: validade, limites e novos desafios | Vânia Costa Ramos

Sessão 4 | 8 setembro 2017
14h30 – 17h30
Instrumentos de combate à criminalidade transnacional (assistência, cooperação judiciária e troca de informações) | Luís Lemos Triunfante

Sessão 5 | 9 setembro 2017
9h30 – 12h30
Evidências de prova em dispositivos móveis (recolha, avaliação e admissibilidade): entre a lei e a prática | Patrícia Naré Agostinho

Sessão 6 | 9 setembro 2017
14h30 – 17h30
A criminalidade organizada transnacional: dinâmicas e desafios | José Luís Trindade

Notas biográficas



Paulo Pinto de Albuquerque
Juiz do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, eleito pela Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em 2011. Doutoramento na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa. Professor associado com agregação da Escola de Direito de Lisboa da Universidade Católica Portuguesa. Autor de diversas obras.

José Mouraz Lopes
Juiz Conselheiro no Tribunal de Contas, é doutorado em Direito, Justiça e Cidadania pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi docente do Centro de Estudos Judiciários, Director Nacional Adjunto da Polícia Judiciária, Presidente da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, director das revistas Sub Judice e JULGAR e é membro do Grupo da Colectânea de Jurisprudência. Tem várias obras publicadas, nomeadamente Os crimes contra a liberdade e autodeterminação sexual, Coimbra Editora, 4ª edição (revista) 2008;Garantia Judiciária no Processo Penal, Coimbra Editora, 2000; A Tutela da Imparcialidade endoprocessual no Processo Penal Português, Coimbra Editora, 2004; Justiça, Um Olhar (Des) Comprometido, Almedina, Coimbra, 2005; O espectro da Corrupção, Almedina, Coimbra, 2011; A Fundamentação da Sentença no sistema penal português, Almedina, Coimbra, 2011, e artigos científicos em revistas jurídicas em Portugal, Espanha e Brasil.

Pedro Verdelho
Magistrado do Ministério Público desde 1990. Entre 1994 e 2005, desempenhou funções no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, na secção especializada na investigação de crimes económico-financeiros, corrupção e crimes informáticos. Entre 2005 e 2011 foi docente do Centro de Estudos Judiciários, na área penal, de que foi coordenador. Foi representante de Portugal na União Europeia e no Conselho da Europa, em assuntos relacionados com a cibercriminalidade; representante de Portugal no Comité da Convenção do Cibercrime do Conselho da Europa, desde 2006, sendo presentemente membro do seu Bureau permanente. É perito da União Europeia e do Conselho da Europa na área da cibercriminalidade. Desde 2011 é Coordenador do Gabinete Cibercrime da Procuradoria-Geral da República.

Vânia Costa Ramos
Advogada desde 2007. Sócia fundadora da Carlos Pinto de Abreu e Associados, Sociedade de Advogados, RL (2011). Assistente Convidada na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (2008-2011). Doutoranda na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa com o tema «Circulação da prova na União Europeia – ensaio de uma teoria europeia da exclusão da prova em processo penal».

Luís Lemos Triunfante
Magistrado Judicial desde 2005. Foi vogal tesoureiro da Associação dos Juízes Portugueses e responsável por várias iniciativas, como "Tribunal de Porta Aberta" e "Tribunais e Direitos Humanos". Representante da Direção da ASJP na MEDEL (Magistrats Europeens pour la démocracie et la liberté), entre 2013 e 2015. Desde2015 é Perito Nacional Destacado no Gabinete Português na Eurojust (Haia) onde permanece. Autor de "A Cooperação Judiciária Europeia em Matéria Penal: O Espaço Ibérico em Particular" - Coimbra Editora, 2013". Participou em várias conferências internacionais sobre direito internacional e cooperação judiciária e tem vários artigos escritos e publicados em diversas revistas jurídicas sobre direito internacional (em particular comunitário), cooperação judiciária em matéria penal e direitos humanos.

Patrícia Naré Agostinho
Magistrada do Ministério Público, encontrando-se atualmente a exercer funções no Juízo Central Criminal do Tribunal da Comarca de Lisboa. É membro do Conselho de Redação da Revista do Ministério Público e integrou o Gabinete Cibercrime, da Procuradoria-Geral da República, entre dezembro de 2011 e setembro de 2014. Mestre em Direito, elaborou a sua tese de mestrado em 2012 com o tema "Intrusões Corporais em Processo Penal" na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.

José Luís Trindade
Procurador da República. Assistente do Membro Nacional da EUROJUST - Gabinete Português.


 

Inscrição

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