Editora Unicamp | 2015

Este novo livro do sociólogo do trabalho Elísio Estanque é resultado de um amplo projeto de pesquisa que tem como objeto central o estudo das chamadas classes médias. Emblematicamente, ele foi escrito exatamente quando o Brasil foi convulsionado pelas rebeliões de junho de 2013 e seu país, Portugal, fora também sacudido por uma onda de levantes da juventude e da nova geração que configura parcela de sua classe trabalhadora. Elisio Estanque enfrentou essa complexa e controversa temática: estaríamos presenciando a reemergência das tradicionais classes médias na cena social e política desses dois países ou vivenciando o afloramento de novos movimentos sociais com conformações mais aproximadas ao novo precariado vinculado aos serviços? Tomando esse tema como central, Elísio Estanque oferece sua análise. Sua leitura por certo ajudará na compreensão dessa temática crucial de nosso tempo.
Ricardo Antunes

Este importante trabalho de Elísio Estanque, professor e pesquisador português de renome internacional, mostra-se pertinente e necessário a todos que se preocupam com o contexto atual da estrutura de classes no capitalismo, em especial da classe média. Sua publicação vem em boa hora, contribuindo favoravelmente à difusão do conhecimento de uma temática contemporânea fundamental nas ciências sociais. Isso porque o sentido geral das mudanças econômicas e sociais deste início do século XXI constituiu objeto de reflexão. A contribuição singular encontra-se no entendimento do processo de alteração social nos contextos europeu e latino-americano evidenciados pelas diferentes experiências recentes de Portugal e Brasil. De forma simples e engajada, o autor espeta a nervura central de questões que envolvem as classes sociais contemporâneas, oferecendo ao leitor elementos-chave que decorrem dos efeitos da fragmentação do trabalho e da crise de dimensão global nos dois países de língua portuguesa. Nesse sentido, as manifestações sociais recentes são consideradas à luz da capacidade de mudança da sociedade perante os rumos cada vez mais evidentes de proletarização do mundo do trabalho e precarização das condições de vida do conjunto maior da população.
Marcio Pochmann