Prémio Victor de Sá de História Contemporânea 2017

Menção Honrosa atribuída a José Pedro Monteiro

Novembro 2017

José Pedro Monteiro, investigador em pós-doutoramento no CES, acaba de ser distinguido com uma Menção Honrosa na edição de 2017 do Prémio Victor de Sá de História Contemporânea, pela obra «A internacionalização das políticas laborais "indígenas" no império colonial português (1944-1962)», baseada na sua tese de doutoramento.

O júri da edição deste ano foi presidido pelo professor Viriato Capela, da UMinho, e tendo como vogais os professores António Pires Ventura, da Universidade de Lisboa, e Rui Bebiano, da Universidade de Coimbra (FLUC/CES/CD25Abril). A concurso houve nove obras, quase na totalidade teses de doutoramento, confirmando mais uma edição muito participada, o que demonstra o prestígio alcançado e a vitalidade da historiografia lusa contemporânea. O prémio foi instituído há 26 anos pelo humanista Victor de Sá e tornou-se o principal prémio para jovens investigadores de História Contemporânea de Portugal.

Doutorado pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, no âmbito do Programa Inter-Universitário de Doutoramento em História (PIUDHist), José Pedro Monteiro licenciou-se em Relações Internacionais pela Universidade do Minho e é mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. A sua tese de mestrado, intitulada «Portugal, a Organização Internacional do Trabalho e o problema do trabalho nativo - a queixa do Estado do Gana» recebera já a Menção Honrosa do prémio da Fundação Mário Soares em 2013.

Os seus principais interesses de investigação são as várias interconexões entre imperialismo e internacionalismo no século XX, em particular aquelas que lidam com os problemas cruzados do trabalho colonial e da outorga e exercício de direitos civis, políticos, sociais, culturais e económicos.

Publicou vários artigos e capítulos de livro, sozinho ou em coautoria, em publicações nacionais e internacionais. Em 2015 coorganizou, com Miguel Bandeira Jerónimo, o volume coletivo «Os Passados do Presente: internacionalismo, imperialismo e a construção do mundo contemporâneo» (Almedina).

Atualmente encontra-se envolvido no projeto de investigação «Change to Remain? Welfare Colonialism in European Colonial Empires in Africa (1920-1975)» que procura compreender, a partir de uma perspetiva histórica comparativa, a formulação e o desenvolvimento das doutrinas e programas de "colonialismo de bem-estar" nos impérios coloniais europeus a partir da década de 1920.

A cerimónia pública da atribuição dos prémios e a apresentação do trabalho vencedor «'Para que Marte não afugente as Musas'. A Política Cultural Alemã em Portugal e o Intercâmbio Académico (1933-1945)», de Cláudia Sofia Ninhos, decorre a 13 de dezembro, pelas 15h00, no salão nobre da Reitoria da Universidade do Minho, em Braga.


Sobre a tese:
A "internacionalização das políticas laborais "indígenas" no império colonial português (1944-1962)" aborda as várias formas através das quais a Organização Internacional do Trabalho e o conjunto de atores, governamentais ou privados, que agia na sua órbita, condicionaram os debates e processos de tomada de decisão política imperiais respeitante à questão do “trabalho indígena” nas colónias portuguesas entre 1944 e 1962.

Contribuindo para os debates historiográficos recentes sobre a interconexão e co-constituição de dois processos históricos que marcaram indelevelmente o século XX, a saber, o internacionalismo e o imperialismo, esta tese demonstra como a história do império colonial português durante este período não pode ser pensada sem se atender às importantes dinâmicas internacionais, mas também transnacionais, que constrangeram a produção e avaliação de políticas e práticas imperiais, nomeadamente através de processos de auto-escrutínio regular, cotejo normativo, denúncias internacionais e, associadamente, projetos e esforços de reforma imperiais.

Ao centrar-se no chamado período do colonialismo tardio, e explorando uma temática que afetara profundamente a história do império português em períodos mais recuados, esta tese contribui também para uma reavaliação das práticas e políticas imperiais portuguesas num contexto de gradual contestação à legitimidade da sua soberania imperial.