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FILMOGRAFIA RELACIONADA

Moçambique:

Raide de Nyadzonya

"Behind the Lines" (1971), de Margareth Dickinson. Documentário sobre a guerra de libertação em Moçambique. O olhar por detrás da câmara procurou captar sentimentos e sensações que experimentados pelos guerrilheiros da FRELIMO, que estivam nas matas a combater o regime colonial português, experimentavam no dia-a-dia dessa batalha, iniciada em 1964. Filmado no Niassa, numa área em que ocorreu um ataque militar do exército português no âmbito da operação ‘Nó Górdio’, este filme inclui entrevistas com combatentes – homens e mulheres – discutindo as razões da sua luta pelo acesso ao ensino e acção política. As zonas libertadas – laboratório do ‘homem novo’ para a FRELIMO – são captados sob vários ângulos da cineasta, antecipando-se já a independência que aconteceria em 1975.

"Mueda, Memoria e Massacre" (1979), de Ruy Guerra. O filme Mueda, memória e massacre é sobre uma pequena aldeia no norte de Moçambique, onde, em 1960, população africana foi massacrada pela administração colonial portuguesa. Os sobreviventes do massacre reinterpretaram, em vários momentos, após a independência nacional, este episódio da história de Moçambique, desempenhando quer o papel de agressores, quer de vítimas. Este filme é concebido por muitos como uma expressão criativa da cultura popular libertada.

"O tempo dos Leopardos" (1985), de Zdravko Velimorovic. Era um filme bem-intencionado politicamente. Revelava a luta de um grupo de guerrilheiros moçambicanos contra o sistema colonial português. Um drama político, passado em 1971. A história anda à volta de um dirigente de um grupo guerrilheiro que é capturado e os seus camaradas fazem tudo para o libertar. As coisas não correram lá muito bem. Esta é a ficção, a trama do filme. Na realidade, as filmagens foram rodadas nos anos do chumbo moçambicanos. Significa isto que não havia quase nada nas lojas e a comida e bebida eram racionadas. Corria o ano de 1985. Além de ser uma grande novidade entrar num filme de grandes recursos, numa altura em que o país estava em guerra civil, significava também comida e principalmente bebida sem limites. Não podia faltar nada aos actores e à restante equipa de filmagem. Para muitos, só por isso valia a pena ser artista. Os que viveram esses momentos únicos, filmados na região de Maputo devido à guerra civil que avançava para sul, nunca mais os esqueceram. E contam-se histórias memoráveis, quase sem cessar, em noites de copos. O filme foi um fracasso a todos os níveis. No entanto, os episódios vividos durante as filmagens pelos participantes e restante equipa de apoio ficaram gravados na memória de todos. Estas histórias não entraram no guião mas dariam uma longa-metragem bem humorada. (António Oliveira)

"Fronteiras de Sangue" (1985), de Mario Borgneth. Este filme resultou da necessidade de fornecer às audiências ocidentais os pontos de vista daqueles que se encontravam na linha da frente dos processos políticos que tinham lugar na África Austral. Foco de tensão internacional, a África Austral é uma região analisada geralmente sob o espectro do conflito Leste/Oeste. Esta visão ignora a verdadeira natureza do embate. Fronteiras de Sangue pretende contribuir para um melhor entendimento da questão, preenchendo os espaços vazios existente no ocidente. Trata-se de um documentário que examina a política de desestabilização na África Austral e os seus impactos para os países da Linha da Frente. Presta especial atenção à crescente desestabilização em Moçambique e aos seus efeitos sobre o processo de reconstrução da nação. A sua narrativa retraça a história das forças políticas na região, partindo das lutas de libertação das antigas colónias portuguesas nos anos 60, e segue os desenvolvimentos políticos dessas lutas.

"O Vento Sopra do Norte" (1987), de José Cardoso. A década de 1960 ficou marcada pelos ‘ventos de mudança’ que anunciavam as independências africanas, tendência que Portugal colonial insistia em ignorar. Entre as estratégias de manutenção das colónias os portugueses criaram uma máquina de opressão treinada para esmagar qualquer tipo de revolta. O vento Sopra do Norte é um projecto cinematográfico que regista este momento da história de Moçambique. O enredo debruça-se sobre os últimos momentos de ocupação colonial que o autor fixou e 1968. As cenas relatam o progressivo desenvolvimento da guerra de libertação de Moçambique, o sentimento generalizado de descrença, de confusão e pânico que se instalava entre os colonos e o início da fuga generalizada para metrópole. A redacção do guião levou cerca de um ano. A produção envolveu todos os técnicos do Instituto Nacional de Cinema (INC), em Moçambique. O filme foi financiado na totalidade pelos fundos do INC.

"Tratamento para os Traidores" (1983), de Ike Bertelsen. Este documentário resulta da compilação do registo pelo INC de um momento importante da história de Moçambique independente – a reabilitação de ‘colaboradores’ com o regime colonial português em Moçambique. O Presidente Samora Machel e o seu governo tiveram uma sessão de uma semana com milhares de moçambicanos acusados de ‘haverem sido colaboradores do colonialismo’, promovendo a sua reabilitação como cidadãos de pleno direito. Entre os colaboradores, que no seu conjunto ficaram conhecidos como “comprometidos”, incluíam-se moçambicanos que haviam traído os seus compatriotas e algumas vezes até os torturaram às ordens de Portugal, durante a dominação colonial de Moçambique; outros haviam-se juntado voluntariamente ao partido fascista ANP, tornaram-se agentes da polícia política PIDE ou soldados do exército colonial, comandos especialmente treinados que atacaram aldeias, GEs e GEPs. “Outros diziam que o passado era passado, que não havia necessidade de o relembrar. Mas só revendo o passado, conheceremos o presente. Só conhecendo o presente teremos a perspectiva do futuro. São três elementos fundamentais de uma sociedade: o passado, o presente e o futuro. São páginas da história, contra a qual não podemos ir.”

"Virgem Margarida" (2012), de Licínio de Azevedo. Filme dramático situado em 1975, quando a revolução moçambicana se impôs pelas ruas de Maputo. A prostituição era vista como uma das marcas deixada pelo colonialismo, que tinha de ser erradicada da nova sociedade que se buscava construir. Uma operação de ‘remoção’ de prostitutas da capital, arrastando também outras mulheres consideradas indesejáveis pelas suas opções de vida que contrariavam a moral puritana da FRELIMO. Estas mulheres fora enviadas para campos de reeducação no norte de Moçambique, para se transformarem, pelo trabalho e pela educação revolucionária,  em ‘novas mulheres’. O filme é a história de uma jovem de 16 anos, virgem, que é apanhada sem documentos na cidade e levada, por engano, para um campo.

 

"Cuba: Uma Odisseia Africana" (2007), de Jihan El Tahri

"Flame" (1997), de Ingrid Sinclair

"O Leão do Deserto" (1981), de Moustapha Akkad

"A Batalha de Argel" (2001), de Gillo Pontecorvo

"Something of Value" (1957), de Richard Brooks

"Lumumba" (2000), de Raoul Peck

"Days of Glory" (2006), de Rachid Bouchareb