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Apresentação


A Reforma de Bolonha produziu um conjunto de alterações significativas na formação superior.
Concretamente nos cursos de Arquitetura, Bolonha diminuiu os tempos de formação de 6 ou 5 e ½ anos para 5 anos. Se compararmos os tempos de formação atuais com a formação de Álvaro Siza (anos 50) verificamos que nesse tempo, a par do tempo curricular, havia um tempo de formação “em escritório” (que poderia durar 3 ou 4 anos) após o qual os candidatos se propunham ao Concurso para Obtenção de Diploma de Arquiteto (CODA); assim a diminuição nos tempos de formação (académica e profissional) tem sido drástica, se compararmos uma formação que durava 10 anos com os atuais 5.
A Reforma de Bolonha tem também outras consequências: a delimitação da formação em dois ciclos de estudos; embora a autonomia destes dois ciclos facilite a mobilidade permitindo a um estudante frequentar um segundo ciclo noutra instituição que lhe assegure a formação nas suas áreas de interesse, obriga também a definir com mais rigor, clareza, e objetividade aquilo que se considera como objetivos formativos de carácter universal do primeiro ciclo.
Se a este conjunto de considerações de carácter pedagógico adicionarmos as recentes exigências profissionais, tais como as preocupações de sustentabilidade, acessibilidade, adequação aos meios disponíveis ou valor social da produção arquitetónica, rapidamente se questiona o ajuste entre a formação que tem sido dada e as novas exigências de formação.

O objetivo do colóquio "Ensinar pelo Projeto" é precisamente debater os caminhos que têm sido trilhados pelo primeiro ciclo de estudos, e perspetivar formas de melhoria desse ensino considerando as três questões expostas:

a) definição de métodos e identificação de experiências de ensino sobretudo de Projeto de Arquitetura no primeiro ciclo de estudos,
b) estabelecimento de algumas balizas conceptuais que permitam configurar as aptidões que nesse final de ciclo os alunos deverão ter,
c) definir o papel concreto que cada ano curricular da disciplina de Projecto, como disciplina de síntese de conteúdos, deverá ter nesse primeiro ciclo de estudos.

A par da definição de objetivos e métodos de ensino do primeiro ciclo de estudos, outras questões têm sido (e são ainda), objeto de debate; e entre essas questões salienta-se o papel que os profissionais de arquitetura têm ou poderão ter nas escolas de arquitetura; a passagem de um ensino politécnico a um ensino universitário, tal como ocorre desde meados dos anos 80 (tanto em Portugal como na Europa), distingue os profissionais de ensino entre “os de carreira académica” e “os de formação profissional”.

Claro que em última análise este debate sobre formação implica uma certa pré-visão do arquiteto que se pretende formar, considerando o seu papel social (de arquiteto-artista a arquiteto-da-engenharia-social, passando pelo arquiteto-como-técnico-do-espaço), e em última análise está dependente das perspetivas de realização profissional de cada contexto concreto de formação.

O debate que aqui se aponta está também a decorrer noutras instituições de ensino europeu; um exemplo concreto desse facto é o recente trabalho de investigação, baseado num inquérito, promovido pela Escola de Arquitetura de Delft, com apoio de outras instituições como Paris - Beleville, Mendrizio, Aachen, Lausanne, Madrid ou Barcelona; este trabalho terá um conjunto de dados e conclusões ainda provisórias.

Um último objetivo do presente colóquio é o de contribuir para uma publicação que faça o ponto de situação atual sobre o ensino de arquitetura do DArq. Centrando-se na disciplina de Projeto como disciplina estruturadora da formação, a investigação que a preparação do Colóquio permite a edição de um e-cadernos, e permite elaborar um relatório com sugestões sobre a reformulação do plano de estudos atual, assim como melhorar a articulação vertical e horizontal das disciplinas que compõem esse primeiro ciclo de estudos. Permite também ganhar uma “consciência comparativa” sobre os diferentes modelos de ensino, permitindo um mais claro enquadramento do ensino ministrado.

A estrutura do colóquio "Ensinar pelo Projeto", recorrente das considerações referidas, apresenta essencialmente dois vetores:

  1. Um associado com os modelos de ensino, e particularmente com a presença, necessidade e contornos da participação dos Profissionais e Investigadores de Arquitetura no Processo de Ensino.
  2. Um outro que debate as metodologias de ensino, os instrumentos, os exercícios, e os objetivos de formação.

Para debater a primeira questão haverá duas sessões:

A. “Inquérito”
Será convidada a relatora do trabalho de inquérito referido, arquiteto e professor Willemijn Wilms Floet, da TU Delft; painel moderado por Gonçalo Canto Moniz.

B. “Dissertação”
Será questionado o papel da dissertação como conclusão do Mestrado Integrado em Arquitetura, havendo uma comunicação central proferida por Elizabeth Hatz da KTH Stockholm; painel moderado por José Fernando Gonçalves.

Para o debate do segundo vetor referido, dividiu-se o tema geral em quatro subtemas:

 

1. Programas e Temas
Conferência principal do arquiteto e professor Juan Domingo Santos (ETSA de Granada); painel coordenado por João Mendes Ribeiro

2. Instrumentos e Composição
Conferência principal dos arquitetos e professores 
Florian Beigel + Philip Christou (Dep. of Architecture Metropolitan University, Londres); painel coordenado por Paulo Providência.

3. Cruzamento disciplinar e Síntese
Conferencista a indicar. Painel  coordenado José António Bandeirinha.

4. Investigação em Projeto

Conferência principal do arquiteto e professor David Leatherbarrow (School of Design, University of Pennsylvania); painel coordenado por Jorge Figueira e Nuno Grande.