Roda de Diálogos

Repensar as configurações da bíblia na vida das mulheres a partir de uma hermenêutica feminista

29 de março de 2017, 15h00

Sala 2, CES-Coimbra

Resumo

Podemos afirmar que é consenso entre os movimentos e teologias feministas que a bíblia é um livro androcêntrico e misógino, tendo sua origem em sociedades e culturas patriarcais e redigido por uma elite de varões, através de linguagem patriarcal. Porém precisamos levar em conta que há ambiguidades tanto nos próprios textos bíblicos como nos usos que se fazem deles. Por um lado, a bíblia é utilizada há séculos para inculcar e legitimar relações de dominação. Por outro lado, encontramos comunidades e movimentos políticos e religiosos em várias partes do mundo onde a bíblia é um instrumento de inspiração nas lutas cotidianas e estruturais por uma vida mais digna.

A partir desta constatação podemos dizer que a bíblia funciona tanto para justificar e conservar os sistemas de dominação como para desmontá-los e transformá-los. Por isso, não podemos deixar de levar em conta que a bíblia exerceu e exerce influência e poder tanto positivo quanto negativo na vida de muitas mulheres e homens. Essa influência não se dá somente através dos textos bíblicos, mas também pela maneira como esses textos são lidos e interpretados.

Esta Roda de Diálogos tem o objectivo de ser um espaço aberto e democrático que terá como ponto de partida a troca e análise das experiências entre as pessoas participantes sobre as influências que a bíblia tem exercido sobre a vida das mulheres. Em seguida, iremos fazer uma análise teológica feminista crítica do texto “E não sou uma mulher?” de Sojourner Truth, uma mulher abolicionista do Séc. XIX, defensora dos direitos das mulheres inserseccionado com a classe, a raça, o sexo e a religião. Faremos isso através de três passos metodológicos: 1) análise da localização social de Sojournet Truth, 2) análise das estratégias de desconstrução e reconstrução utilizadas por Sojournet para  questionar visões, valores, racismo, prescrições de papéis  sexuais, de género, culturais e religioso-bíblico. 3) E por fim como podemos estender esta análise crítica feminista às questões de racismo e xenofobia em relação aos refugiados e migrantes em contexto europeu?


Notas biográficas

Teresa Toldy (cocoordenadora do POLICREDOS)

Isabel Aparecida Felix (Pós-doutoranda  CAPES/CES)


Atividade no âmbito do Observatório da Religião no Espaço Público | POLICREDOS