2.º ciclo de Cinema sobre Colonialismo

O Direito do Mais forte à Liberdade

23 FEV; 30 MAR; 27 ABR; 25 MAI

Sala do Carvão, Casa das Caldeiras da Universidade de Coimbra

Enquadramento

Uma iniciativa inédita na Universidade de Coimbra que junta o Centro de Estudos Sociais (CES)/Faculdade de Economia (FEUC), o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20) e o Curso de Estudos Artísticos da Faculdade de Letras (FLUC). Visa gerar um espaço de reflexão sobre os processos coloniais e as relações pós-coloniais que ultrapasse limites disciplinares, mas também o espaço da sala de aula, analisando a complexidade das relações políticas, sociais e culturais do mundo de hoje. O título do ciclo é uma apropriação da feliz e complexa tradução portuguesa do título do filme realizado por R. W. Fassbinder em 1974, Faustrecht der Freiheit: O Direito do Mais Forte à Liberdade. Trata-se de um retrato desapiedado da sociedade alemã do pós-guerra.

O título em português enfatiza o parasitismo e o carácter predatório do capitalismo transmutado para uma relação amorosa na qual não se reconhece a igualdade entre os amantes. O ciclo parte da premissa da relação inextricável entre colonialismo e capitalismo na formação do mundo dos últimos 150 anos, questionando a forma como o colonialismo se alimentou daquilo a que Partha Chatterjee denominou de “regra da diferença colonial”. Segundo este autor, esta regra aplicar-se-ia «quando se defende que uma proposição normativa com suposta validade universal (…) não se aplica à colónia em razão de alguma deficiência moral inerente a esta última.

Assim, apesar dos Direitos do Homem serem publicados em Paris em 1789, a revolta de São Domingos (hoje Haiti) foi reprimida porque aqueles direitos não podiam aplicar-se aos escravos negros. (…) A excepção dos casos coloniais não invalida a universalidade da proposição. Pelo contrário, ao especificar os pressupostos através dos quais a humanidade universal deveria ser reconhecida como tal, a proposição fortalece o seu poder. No caso das expedições portuguesas, a condição de inclusão era dada pela religião. Mais tarde, seria proporcionada pelas teorias biológicas sobre o carácter racial, ou pelas teorias historicistas sobre a evolução das civilizações, ou pelas teorias socioeconómicas sobre o desenvolvimento das instituições. Em cada caso, a colónia seria convertida numa fronteira do universo moral da humanidade normal. Para lá destas fronteiras, as normas morais poder-se-iam manter em suspenso».

Os 4 filmes a apresentar serão projetados na Sala do Carvão da  Casa das Caldeiras.

23 de Fevereiro - "Soleil Ô" de Med Hondo (1971)

30 de Março - "The Exiles" de Kent Mackenzie (1961)

27 de Abril - "Black Harvest" de Robin Anderson (1992)

25 de Maio - "Mueda, Memória e Massacre" de Ruy Guerra (1979)


Com apoio do programa de doutoramento «Pós-colonialismos e cidadania global»