Seminário aberto do ECOSOL-CES

Outras moedas para outras economias: uma pesquisa centrada nas especificidades institucionais da moeda social e dos circulantes locais

Cláudia Lucia Bisaggio Soares (CES)

18 de abril de 2017, 16h00

Sala 2, CES | Alta

Resumo

Apesar do forte hábito de associarmos a ideia de moeda a um único dispositivo, normalmente a moeda nacional, em nossa experiência cotidiana diferentes instrumentos monetários ajudam a movimentar, distribuir e intercambiar produtos e serviços por todos os níveis da economia. Expressando de outra forma, diferentes formas de dinheiro (variadas “moedas” e arranjos monetários) são utilizadas não apenas para intermediar as trocas e permitir pagamentos defasados da aquisição dos bens e serviços mas também para acumular reservas de valor e para servir de unidade de conta e/ou medida de valor.

Mas será que todos esses instrumentos monetários têm o mesmo efeito sobre a circulação econômica? É correto supor que todos afetam da mesma forma o estilo e o ritmo da acumulação e distribuição de capital, independentemente de suas características funcionais e da formação social em que está mergulhado? Nesse sentido, que espaço outros desenhos monetários, como as moedas socias e os circulantes locais teriam para trazer algo de novo para a dinâmica econômica? Enfim, podemos argumentar que diferentes moedas podem servir a diferentes economias?

O estudo aqui apresentado procura demonstrar que não apenas a resposta para essa última pergunta do bloco é afirmativa, como também que o desenho institucional do instrumento monetário pode e deve ser adaptado ao objetivo econômico e social pretendido. Da mesma forma que a moeda nacional não responde a um desenho instrumental único (nem é neutra), a moeda social e os circulantes locais também são múltiplos em suas formas e possíveis influências sobre a atividade econômica e a dinâmica social em geral. Assim, após se discutir algumas arquiteturas analíticas de moedas sociais e circulantes locais associadas aos seus objetivos (identificando suas propriedades), indica-se que arranjos monetários instituídos sobre bases diferentes das da moeda nacional podem estimular relações econômicas tanto mais dinâmicas como mais autônomas que as convencionais.


Nota biográfica

Claudia Lucia Bisaggio Soares. Possui Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ (1989), Mestrado em Economia pela Universidade de Lisboa/UL (1998) e Doutorado em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC (2006). É Professora Adjunta da Universidade Federal da Integração Latino-Americana - UNILA desde 2011. É coordenadora do GIRA - Grupo Interdisciplinar em Racionalidades, Desenvolvimento e Fronteiras; grupo de pesquisa do CNPQ e núcleo de pesquisa e extensão da UNILA. Desenvolve pesquisa em teoria econômica e epistemologia das ciências sociais, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento, racionalidades, economia solidária, moeda social e local, finanças solidárias, ecodesenvolvimento, indicadores socio-econômicos e ambientais, análise em socioeconomia e planejamento em saúde pública. Atualmente está em programa de Pós-doutorado no Centro de Estudos Sociais - CES da Universidade de Coimbra-Portugal.