Conferência

Culpando os responsáveis: reflexividade e a base temporal de responsabilidade retrospetiva nas Relações Internacionais

Bernardo Fazendeiro (CES)

6 de dezembro de 2017, 14h00

Sala 1, CES | Alta

Resumo

Ao demostrar as consequências problemáticas de três modos de caracterização temporal de política internacional, sobretudo no que toca à questão de continuidade e mudança, propõe-se uma perspetiva mediada e reflexiva de eventos – uma perspetiva mais aberta a visões divergentes de responsabilidade retrospetiva e menos associada a um jogo de troca de culpas entre agentes, autores, analistas e estudantes das Relações Internacionais.

Neste sentido, a apresentação começa por delinear os limites do chamado debate de “agência e estrutura” das RI, solicitando em contrapartida uma visão que toma mais em conta as ligações entre as noções da mudança e a continuidade e o consequente efeito na questão da responsabilidade retrospetiva, ou seja na matéria de imputação de culpa e/ou louvor pelo evento após consumado. Três visões temporais das RI são depois apresentadas, nas quais são enfatizadas a questão da responsabilidade retrospetiva.

Termina-se a apresentação com uma breve análise do impacto da caracterização temporal em diferentes versões da anexação da Crimeia por parte da Rússia em 2014, e o impacto das mesmas na questão da responsabilidade retrospetiva. De modo a efetuar uma perspetiva mais reflexiva, os conceitos de abertura experimental de Hans-Georg Gadamer são vistos como uma alternativa à mera aplicação, quase irrefletida, de pressupostos temporais.
 

Nota biográfica

Bernardo Teles Fazendeiro doutorou-se em Relações Internacionais na Universidade de St Andrews em 2013, especializando-se na política externa do Uzbequistão e em “role theory.” Lecionou depois em St Andrews e na Universidade Central Europeia. Publicou um livro sobre os negócios estrangeiros do Uzbequistão (Routledge, 2017) e artigos na International Studies Review, International Affairs e Central Asian Survey.