Seminário

O metabolismo social dos conflitos

Gualter Barbas Baptista (Universidade Nova de Lisboa)

27 de janeiro de 2011, 11h00

Sala 1, CES-Coimbra

Resumo

A utilização crescente de energia, materiais e espaço por parte das sociedades modernas, tem vindo a intensificar as tensões em vários territórios do planeta, com particular destaque para as periferias situadas nas fronteiras das comodidades. Em reacção a esta tendência, surgem, nas periferias, conflitos que se opõem ao intercâmbio ecologicamente desigual que é promovido pela hegemonia capitalista. Na sua génese estão populações cuja sobrevivência depende intrinsicamente da protecção dos seus ecossistemas e biodiversidade. A associação entre sobrevivência e questões sociais, económicas e ambientais, marcada por uma linguagem de avaliação que rejeita o monetarismo, perfila uma identidade de conflito que se pode designar por "ambientalismo dos pobres".

As questões de distribuição ecológica associadas a grande parte dos conflitos ambientais, tornam-se particularmente explícitas nestes momentos, permitindo expôr e entender as tensões e relações de poder no acesso aos recursos ambientais, bem como diferentes linguagens de valorização dos mesmos. Estes conflitos só podem ser entendidos enquanto processo histórico e, em particular, da forma como as sociedades, em diferentes escalas geográficas, sectores económicos ou grupos sociais, se organizam para manter determinados padrões de reprodução que a estabilizam. Esta organização, à semelhança do que acontece com outros sistemas complexos adaptativos, está dependente da manutenção de determinados padrões de metabolismo, isto é, da entrada e saída de vários fluxos, tais como energia, água, materiais e capitais e da sua articulação com padrões de uso do tempo e do solo.

Esta sessão fará uma introdução à análise do metabolismo social e à sua utilidade enquanto ferramenta para a compreensão dos conflitos ambientais.

 

Nota biográfica

Gualter Barbas Baptista é doutorado em Ciências Ambientais pela Universidade Nova de Lisboa. Desenvolve investigação nas áreas de economia ecológica e ecologia política, no CENSE - Centre for Environment and Sustainability Research, da Universidade Nova de Lisboa (http://cense.fct.unl.pt). Integra o Comité de Redacção da revista Ecología Política. É co-autor do livro "La Deuda Ecológica Española - Cuando la economía española cuza nuestras fronteras" e de vários artigos científicos e de divulgação. É activista em várias causas ambientais e sociais. Escreve no blogue inGENEa (http://ingenea.gualter.net).

 

Nota: No âmbito da Oficina de Ecologia e Sociedade