Colecção A Sociedade Portuguesa Perante os Desafios da Globalização
 
 


Enteados de Galileu? A semiperiferia no sistema mundial da ciência

João Arriscado Nunes e Maria Eduarda Gonçalves (orgs.)

Neste volume mostra-se como o território das ciências, apesar de "desunido" e plural, ocupa uma posição central na promoção da globalização no mundo contemporâneo. Do laboratório ao tribunal, do terreno antropológico às redes transnacionais de comunicação e intercâmbio científico e aos processos de definição e de aplicação nacional das políticas europeias de ciência e tecnologia, os estudos incluídos neste volume percorrem uma diversidade de espaços e de tempos, articulando as escalas local, nacional e transnacional, tomando como ponto de partida vários contextos de produção e regulação do conhecimento científico na sociedade portuguesa. Com estes estudos, procura-se contribuir para uma abordagem renovada das dinâmicas sociais, culturais, políticas e históricas que definem a posição semiperiférica de Portugal no sistema mundial da ciência.

Colaboram neste volume: Ana Carneiro, Ana Simões, Fernando António Cascais, João Arriscado Nunes, Maria Eduarda Gonçalves, Maria Inês Faria, Maria Paula Diogo, Ricardo Roque, Susana Costa, Tiago Santos Pereira.

Nota sobre os autores

Introdução

CAPÍTULO 1
João Arriscado Nunes: Laboratórios, escalas e mediações na investigação biomédica. A oncobiologia entre o global e o local

1. Introdução
2. Trabalho laboratorial multilocal, articulação e culturas científicas de fronteira
3. A "molecularização do cancro": um olhar da semiperiferia
4. A diferença que a escala faz: para uma cartografia do cancro
5. A articulação de escalas na formação de investigadores em oncobiologia
6. Dos usos da biologia molecular: mucinas, genes e ambiente
7. Regresso ao local: a "ciência de tradução"
8. Conclusão
Referências bibliográficas

CAPÍTULO 2
Maria Inês Faria: Ciência com rede: Protocolos e novas tecnologias da informação na investigação biomédica

1. Introdução
2. Comunidades científicas, mediações e tecnologias
3. Padronizações e "universais locais"
4. Os "universais locais" no laboratório: os protocolos
5. Os "universais locais" no laboratório: as tecnologias materiais
6. Conclusão
Referências bibliográficas

CAPÍTULO 3
Susana Costa; João Arriscado Nunes: As atribulações da ciência "impura": A harmonização da biologia forense e a diversidade dos sistemas jurídicos

1. Introdução
2. Os perfis de AND e a produção da prova forense
3. A construção laboratorial da prova forense: um estudo de caso
4. A harmonização da ciência forense
5. Conclusão
Referências Bibliográficas

CAPÍTULO 4
Tiago Santos Pereira: Colaborações científicas internacionais e a diversidade dos sistemas de investigação: Entre o global e o local

1. Introdução
2. Colaboração entre laboratórios, colaboração entre culturas científicas
3. A heterogeneidade das colaborações
4. Diversidade dos sistemas de investigação, diversidade das colaborações
Referências Bibliográficas

CAPÍTULO 5
Maria Eduarda Gonçalves: A importância de ser europeu: Ciência, política e controvérsia sobre o risco da BSE em Portugal

1. Introdução
2. A Ciência e o Estado em Portugal
3. Primavera de 1993: o aparecimento da suspeita sobre as "vacas loucas" em Portugal
4. Diluir as implicações políticas do debate, tornando-o científico
5. A fragilidade política e social da ciência e o déficit científico da administração
6. Primavera de 1996: a europeização da controvérsia sobre a BSE
7. Da rejeição à aceitação do risco da BSE: que consequências para a política pública?
8. O divórcio entre a cultura da ciência e a cultura política
9. Conclusão
Referências Bibliográficas

CAPÍTULO 6
Maria Paula Diogo; Ana Carneiro; Ana Simões: Ciência portuguesa no Iluminismo. Os Estrangeirados e as comunidades científicas europeias

1. Introdução
2. O reinado de D. João V e as Academias Privadas
3. O reinado de D. José I e a reforma do ensino
4. O reinado de D. Maria I e a Academia das Ciências
5. Os Estrangeirados e o conceito de rede
6. Conclusão
Referências Bibliográficas

CAPÍTULO 7
Ricardo Roque: Porto-Paris, ida-e-volta: Estratégias nacionais de autoridade científica. A Sociedade Carlos Ribeiro e a antropologia portuguesa no final do século XIX

1. Introdução
2. «Socorro, Clemente e Companhia»: os novos antropólogos do povo português
3. Do Porto a Paris: a nacionalização das alianças internacionais
4. De Paris ao Porto: expansão e vigilância da escala global da anthropologie
5. Referências internacionais, destino nacional de um texto antropológico em português
6. Conclusão
Referências Bibliográficas

CAPÍTULO 8
António Fernando Cascais: A cabeça entre as mãos: Egas Moniz, a Psicocirurgia e o Prémio Nobel

1. A excepcionalidade e a regra
2. A angiografia cerebral, ou o sagrado ministério do olhar
3. Ascensão e queda da psicocirurgia
Referências Bibliográficas