Editorial
A Oficina de Poesia comemorou, no último número, 10 anos
de existência. Apesar do sucesso que este número teve na
comunidade de leitores, estes dez anos têm sido de
silêncio, por parte dos meios literários, relativamente ao
trabalho apresentado pela revista, embora nela tenham
publicado grandes nomes portugueses e estrangeiros. Mesmo
assim, continuamos. E retornamos agora ao nosso formato
habitual, mais pequeno, mas nem por isso menos recheado. A
cada número, um recomeço.
Inauguramos agora uma nova fase da Oficina de Poesia. Para
além de curso livre da Faculdade de Letras da Universidade
de Coimbra, aberto a toda a comunidade, o grupo
constituiu-se também como “Projecto Oficina de Poesia”, e
liga-se agora ao Projecto Novas Poéticas de Resistência: o
Século XXI em Portugal, financiado pela Fundação para a
Ciência e a Tecnologia e acolhido pelo Centro de Estudos
Sociais.
Esta edição da revista presenteia quem lê, por um lado,
com uma presença significativa de poetas das Américas e,
por outro, com um punhado de interessantes poetas
portugueses cuja intensidade da prática poética se tem
realizado fora dos grandes centros polarizadores.
Publicamos, nesta edição, poemas inéditos do poeta
brasileiro Andityas Soares de Moura, de Belo Horizonte,
que é também ensaísta e tradutor. Da Costa Rica chegam-nos
também inéditos em castelhano de Álvaro Mata Guillé,
poeta, ensaísta, dramaturgo e director de um grupo de
teatro e dança. Ainda em castelhano, poemas de Julio
Espinosa Guerra, um chileno, actualmente residente em
Espanha, que, para além de poesia, publicou também já um
livro em prosa.
Trazemos também o norte-americano Leonard Schwartz, autor
de vários livros de poemas e de uma colecção de ensaios.
Aqui apresentamos poemas em versão original e na
irrepreensível tradução portuguesa de Isabel Pedro dos
Santos.
De Portugal, recebemos a poesia de Luís Serguilha que,
para além de poeta, com vários livros publicados, é também
autor de textos criativos sobre literatura contemporânea
brasileira.
Contamos também neste número com a participação de Graça
Magalhães e de Porfírio Al Brandão, dois poetas de Viseu.
Este último já com vasta obra publicada. Destacamos ainda
a participação da jovem poeta de 16 anos, Cláudia Borges –
mais uma prova da aposta que a revista tem feito nas novas
vozes da poesia contemporânea portuguesa. Estes três
poetas pertencem ao grupo poético, de Viseu, o “Sarau dos
Danados”, ao qual damos a devida relevância neste número.
Este grupo pauta-se também pela organização de leituras
públicas e pela intervenção na comunidade. Apresentamos
ainda poemas visuais e fotografias de João Luís Pinho,
Luís Costa, Maria João Baginha e Rui Silva. A Oficina de
Poesia, como é seu mote, vai adensando a sua presença na
comunidade através das várias leituras públicas em que
participa e da colaboração com escolas. A nossa revista
não pode deixar, por isso, de reflectir esta realidade. A
convite do Ateneu de Coimbra, o grupo fez uma leitura de
poemas a lembrar Agostinho da Silva, que teve por base um
exercício de escrita criativa a partir de poemas e textos
ensaísticos deste autor. Homenageámos também o Alentejo, o
poeta Mário Saa e outros poetas alentejanos, pela ocasião
da I Feira do Livro Alentejana, em Aviz e a convite da
Autarquia e da Fundação Paes Telles, num evento que
contribuiu para uma tão necessária descentralização
cultural. Participámos ainda numa homenagem a Miguel
Torga, desta vez na Feira do Livro de Coimbra, por ocasião
das celebrações do nascimento do autor, tendo sido criados
vários poemas derivativos a partir da sua obra. Este
número integra por isso algum do trabalho realizado
pelos/as poetas da Oficina de Poesia no âmbito destas
intervenções públicas.
Como é habitual na revista, recheamos as páginas com
vários nomes já consolidados ou mesmo consagrados, de
vários países, que aqui publicam ao lado de jovens poetas
em início de percurso. Neste (re)começo de um novo ciclo,
continuamos a acreditar na importância de dar voz ao
início. Porque tudo tem de começar algures. Este número
começa aqui.
aNa B
Rita Grácio
|