O ambientalismo agrega um conjunto heterogéneo de movimentos sociais em torno de perspetivas éticas e políticas que defendem explicitamente outras formas de nos relacionarmos com o ambiente e com as outras espé¬cies do planeta, para promover a saúde, o bem-estar humano e os ecossiste¬mas dos quais fazemos parte.
As sucessivas crises ecológicas resultantes de modos de produção industriais e intensivos revelaram as consequências inesperadas das novas tecnologias. A visão dominante do ambientalismo trabalha em propostas científicas e sociais para reduzir os impactos negativos dos modos de pro-dução, envolvendo os Estados e a sociedade civil em cooperação com as indústrias e mercados de consumo, de forma a encontrar soluções menos agressivas para a saúde e para o ambiente. No entanto, os confl itos ambien-tais revelam também as dimensões sociais dos problemas e as difi culdades de implementar sistemas de regulação eficazes para tecnologias mais “limpas”.
Os movimentos defensores da justiça ambiental centram-se na denún¬cia de problemas que afetam de forma desigual as populações, incidindo de forma particularmente violenta sobre os trabalhadores e grupos vulneráveis. As lutas por justiça articulam-se frequentemente com as lutas pela realização dos direitos humanos e dos direitos da natureza, na forma de mobilizações sócio-legais pela reparação do ambiente e da saúde de comunidades afetadas. Desta forma, lutas pela subsistência por parte de comunidades com formas diferentes de organização social, de relação com o ambiente e com outras espécies podem vir a ser enquadradas como movimentos ambientalistas.
Atualmente, existe uma pluralidade de conhecimentos e práticas cien-tíficas, tanto por parte de profissionais como das populações em geral, que podem servir de base para nos relacionarmos de forma diferente com a bios-fera de que dependemos. Por isso, o movimento ambientalista está em evo-lução contínua, com a criação de novas alianças desde os níveis locais para construir outras globalizações.
Rita Serra