Mulheres Portuguesas e os Movimentos de Libertação em África/ Os Processos de Libertação em Angola e Moçambique: anticolonialismo e ruturas identitárias no feminino

Período
1 de março de 2011 a 31 de agosto de 2014
Duração
42 meses
Resumo

Os acontecimentos que dominaram a história de África e da Ásia pós-Segunda Guerra Mundial ligam-se às grandes movimentações sociais e políticas que estiveram na origem dos processos de libertação e de longas lutas pela independência e pela liberdade. As histórias recentes destes dois espaços pautam-se por um rasto de luta: luta contra o colonialismo europeu e as nações colonizadoras, luta pela independência e pela nova nação, luta contra o neocolonialismo, luta pela educação, pela saúde, pelo desenvolvimento. Quando pensamos em mulheres e processos de libertação e revoluções em África, pensamos de imediato em mulheres africanas. Todavia, esta proposta procura analisar outra realidade – a presença e a participação das mulheres de ascendência portuguesa nos processos de libertação em Angola e Moçambique nos tempos coloniais, depois da independência e durante a revolução.  Este trabalho tem como objectivo ir à procura do rosto destas mulheres que, tomando consciência da situação colonial, a ela reagiram. A partir de então surgem os contactos com os processos e com elementos dos movimentos de libertação com quem foram estabelecendo relações de cumplicidade política, amizade e amor. Este projeto pretende captar o momento de consciencialização da opressão e da ruptura com o privilégio colonial, o início do caminho para a luta nas suas diversas motivações e configurações e a transformação de identidades pessoais e nacionais. Pretende-se, também, compreender a participação destas mulheres nos processos de libertação nas sociedades angolana e moçambicana pós-independência.  O objetivo deste projeto é realizar a análise da participação destas mulheres no processo histórico do ativismo político, da luta pela independência e da revolução, através da recolha das suas histórias de vida. Num mundo em que quase todos os discursos são pronunciados no masculino – veja-se a quantidade de testemunhos de nacionalistas africanos que têm vindo a público – o discurso feminino levanta novas questões sobre os processos de identidade pessoal e nacional e sobre as suas representações, memórias e subjetividades individuais e coletivas. Nesta medida as vozes destas mulheres representam lugares críticos, onde se elaboram olhares e razões-outras que muito podem contribuir para a análise de processos históricos complexos, de conflitos armados e da vida das nações e dos seus membros, enquanto membros de uma comunidade imaginada. Pela recolha e tratamento dos seus testemunhos, este projecto propõe-se obter um arquivo que preencherá uma página em branco das histórias dos processos de libertação e das suas ligações com a história recente de Angola, Moçambique e Portugal. 

Investigadoras/es
Palavras-Chave
mulheres, movimentos de libertação, histórias de vida, África
Financiamento
Fundação para a Ciência e Tecnologia