Cibersenior: ancianos alfabetizados tecnológicamente
Artemio Baigorri (Universidad de Extremadura)
baigorri@unex.es
Mar Chaves (Universidad de Extremadura)
mchaves@unex.es


Tanto el desarrollo de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación (NTIC), como su potencial, vienen siendo objeto de investigación, en los últimos años, desde todos los ámbitos de especialización de las Ciencias Sociales, dado el profundo impacto que las NTIC están suponiendo, ya, en la sociedad. Pero no sólo los investigadores, sino también los gestores de políticas públicas, están volviendo su atención hacia las nuevas necesidades que las NTIC satisfacen, por una parte, pero que también generan. Una de esas necesidades nuevas es la alfabetización tecnológica/digital de diversos sectores en los que el impacto está siendo más inmediato. Porque el acceso o no-acceso a las ventajas que, en lo que a la calidad de vida se refiere, suponen las NTIyC, se viene instituyendo, desde mediados de la última década del siglo XX, en un factor determinante de exclusión o integración social dentro de la nueva Sociedad Telemática.

La vejez, constituyendo una categoría sociológica crecientemente ambigua, supone en cualquier caso, para la mayoría de la población, un momento de creciente dependencia que las NTIyC están contribuyendo a paliar, y sin duda alguna lo harán más en el futuro; un futuro, precisamente, marcado por un acelerado envejecimiento de los efectivos demográficos, al menos en Occidente.

La presente comunicación da cuenta de las iniciativas que desde el sector público y el privado, se están llevando a cabo para la inserción del colectivo de ancianos en la Sociedad Telemática de forma activa, esto es, utilizando directamente las potencialidades que las Nuevas Tecnologías de la Información y de la Comunicación incorporan en sus vidas diarias y en virtud de su posible influencia en el alcance de mejores cuotas de calidad de vida con respecto a otras personas mayores que no participan en este proceso de alfabetización tecnológica. Este análisis se ha llevado a cabo a través del estudio de casos mediante entrevistas en profundidad, grupos de discusión y la realización de cuestionarios con ancianos que están participando en iniciativas de alfabetización.

Ocupações em Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil
Gilda Olinto (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia/ Ministério de Ciência e Tecnologia)

Este trabalho é uma etapa de um projeto maior que tem por objetivo o estudo de ocupações em tecnologias da informação e comunicação na sociedade brasileira, a partir da análise dos microdados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios do ano de (IBGE/PNAD-2001). Nesta etapa do projeto focaliza-se algumas categorias ocupacionais específicas: um grupo de ocupações tipicamente associado à chamada sociedade da informação, e que se destaca pelo uso intensivo da tecnologia digital, cotejando-o com outro grupo de categorias ocupacionais mais tradicionais, mas ainda dentro da área de informação e comunicação. As análises buscam características gerais dessas ocupações, como sua presença nas várias regiões do país, sua base educacional, seu perfil etário e de gênero. Enfatiza-se também as condições de trabalho, com destaque para a posição na hierarquia ocupacional e para a prevalência de tipos específicos de relações de trabalho como, por exemplo, a informalidade.
A importância de tomar como tema as ocupações em tecnologia de informação e comunicação (TIC) vincula-se, obviamente, ao papel que estas desempenham na sociedade atual, a qual tem recebido várias denominações - Sociedade da Informação, Sociedade do Conhecimento, Sociedade em Rede, etc. - que buscam fazer referência a importância da informação e da comunicação para o desenvolvimento socioeconomico, num ambiente de crescentemente globalizado e no qual se impõem novos paradigmas produtivos.
Aborda-se, neste trabalho algumas controvérsias, mencionadas na literatura, a respeito da introdução de novas TICS. Embora bastante valorizadas e consideradas indispensáveis, as tecnologias de informação, assim como as profissões a elas atreladas, também têm sido associadas ao incremento diversos tipos de desigualdades que parecem acompanhar a sua disseminação: desigualdade entre países, desigualdade entre segmentos sociais, desigualdade de gênero. Segundo alguns autores a dinâmica da inovação tecnológica, apoiada nas TICS, tenderia a se manter centrada nos países mais desenvolvidos. Além disso, os efeitos dessas inovações atingiriam regiões e grupos sociais de forma diferenciada com perigo de manutenção das desigualdades sociais. A situação dos gêneros nas profissões em TICS também tem sido destacada por vários analistas. Embora haja indícios de que as mulheres estejam sendo absorvidas por esses novos segmentos ocupacionais, estas parecem tender a desempenhar tarefas menos valorizadas, ou menos tecnologicamente avançadas, assim como a ter menos oportunidades atingir posições vantajosas no desempenho de suas funções. Este problema ocorre nos países desenvolvidos, sendo abordado em alguns estudos e em programas que visam à ação social voltada para a promoção da presença das mulheres nas ocupações em TICS. Mas é nos países em desenvolvimento que o tema se torna mais premente, pois o equilíbrio de gênero no mercado de trabalho tem sido considerado um ingrediente fundamental ao processo de desenvolvimento socioeconômico, um aspecto tão destacado quanto a introdução das novas tecnologias de informação e comunicação.
As evidências disponíveis, atualmente, sobre as características das ocupações em TICS no Brasil, e sobre o acesso das mulheres a essas ocupações, são baseadas em levantamentos realizados dentro de determinadas categorias profissionais ou em estudos qualitativos. Este trabalho pretende contribuir para o estudo do tema utilizando dados de uma amostra representativa da população brasileira. Espera-se, assim, gerar informações que podem ser utilizadas como indicadores de desenvolvimento em TICS e das perspectivas nacionais na área de TIC. Os dados obtidos também poderão servir para subsidiar políticas de governo no setor mas, sobretudo, suscitar novas questões de estudo.

 


A Internet como meio facilitador (ou não) da visibilidade internacional da comunidade científica do nordeste brasileiro

Bartira Brandão Bastos (Universidade de Aveiro)
bartira@ca.ua.pt
Lídia J. Oliveira Loureiro Silva (Universidade de Aveiro)
lidia@ca.ua.pt

O objectivo do presente trabalho é analisar a representação que a Comunidade Científica do Nordeste Brasileiro tem da rede - Internet, como meio facilitador de sua internacionalização, facilitando a difusão do conhecimento gerado, provendo-lhe uma visibilidade universal e igualitária frente à Comunidade Científica Mundial.
Desde o advento da Internet surgiu a ideia de que, sendo um espaço libertário, com sua característica de rede, sem um gerenciamento central, seria este espaço o espaço público mediático desejado por cientistas para atingir um ideal universal e igualitário, onde eles poderiam ver e serem vistos, ler e serem lidos. Este espaço seria o espaço para a exposição do discurso de cada um perante os outros como uma Ágora virtual, servindo também para a produção, difusão de conhecimentos, facilitando a coordenação e cooperação de equipas de investigação. Mais que uma simples ferramenta encarou-se a rede com instrumento que potencialmente recria e amplifica a relação entre ciência, tecnologia e sociedade, que dilui as diferenças regionais no acesso e difusão de informação, renova os hábitos de trabalho cooperativo alterando o próprio conceito de grupo que se torna globalmente distribuído, enfim, gerando implicações na inter-subjectividade do cientista no que tange ao ciclo de vida da produção de conhecimento (apropriação, processamento, geração, difusão e discussão) e nas estruturas sociais de organização do trabalho científico, gerando-se novas solidariedades, novos mecanismos de participação, novas formas de democracia, de negociação, de decisão, de cooperação, de sociabilidade que potenciam a emergência de sujeitos colectivos ou de inteligências colectivas conectivas. A Internet representa de um lado um território simbólico abrangente associado à ideia de globalidade, onde se promove a diluição das fronteiras geográficas, enquanto que de outro lado a possibilidade da rede representar territórios individuais e /ou privados, quer a nível grupal, quer pessoal.
Reflectindo sobre o quotidiano da rede, fica claro porém, que, dentro deste mar de informações, onde não existe mais o impacto das barreiras geográficas, emergem novas barreiras que recriam territórios claramente definidos, provocando assim o surgimento de um novo status de exclusão, que reflecte o sistema social actual e seus excluídos. Observa-se a repetição das estruturas hierárquicas encontradas na Comunidade Científica central, com a existência de Comunidades Científicas que, mesmo nesta nova socio-média, continuam à margem do sistema mundial científico, reforçando seu estado periférico.
Verifica-se que, se em princípio, não existem maiores problemas nas publicações de conteúdo na rede, qualquer cientista, de qualquer lugar do mundo, a qualquer momento, pode publicar seus trabalhos, a posteriori, reproduzindo as leis da comunidade científica tradicional, o real reconhecimento do que é publicado e muitas vezes até mesmo o seu acesso, continuam condicionados a uma série de critérios que, mesmo nesta socio-média, são excludentes, transformando-se em filtros que reproduzem a actual marginalização do sistema científico periférico.
Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa social, de campo, onde foi utilizado como instrumento um questionário misto aplicado aos pesquisadores. Os dados obtidos através da aplicação do instrumento de pesquisa aqui destacado serviu de subsídio para analisar o uso e a representação da Internet como meio facilitador (ou não) da inclusão da Comunidade Científica do Nordeste Brasileiro junto da Comunidade Científica Mundial.


A dissonância entre a representação e o uso da Internet pela Comunidade Científica Portuguesa
Lídia J. Oliveira Loureiro da Silva (Universidade de Aveiro)
lidia@ca.ua.pt

Conceitos chave: Internet, Comunidade Científica Portuguesa, Usos e Representações

O objectivo desta comunicação é por um lado reflectir sobre os usos e representações das implicações do uso da Internet nas rotinas cognitivas e sociais da Comunidade Científica Portuguesa e, por outro lado partindo dos resultados obtidos no estudo empírico realizado junto da referida comunidade especular sobre os factores que estão na génese da discrepância verificada entre o grau de reconhecimento da importância do uso dos serviços em rede e o uso efectivo desses serviços.
Numa primeira abordagem os serviços telemáticos em rede (correio electrónico, World Wide Web, grupos de discussão, serviços de conversação síncrona, transferência de ficheiros, etc.) apresentam um imenso potencial catalizador dos relacionamentos, da gestão do acesso, partilha e difusão de informação, da promoção da geração, dinamização e manutenção de equipas de investigação, bem como capacidade de dar visibilidade nacional e internacional ao investigadores portugueses que se encontram numa área semi-periférica do sistema científico nacional. Contudo, os resultados do trabalho empírico indiciam a existência de um fenómeno de oscilação ou dissonância porque se por um lado, ao nível das representações, os investigadores da Comunidade Científica Portuguesa reconhecem que a Internet é uma ferramenta extremamente poderosa do ponto de vista da gestão do acesso, construção e difusão do conhecimento, da promoção da visibilidade e do reconhecimento às várias escalas, local, nacional e internacional, que promove e flexibiliza os processos de cooperação e coordenação. Por outro lado, os indicies de presença dos investigadores na rede, quer a nível da publicação electrónica quer a nível de páginas de divulgação do trabalho desenvolvido e em progresso são extremamente baixos. Esta discrepância entre a representação e o uso deve ser objecto de análise e de reflexão no sentido de gerar uma compreensão aprofundada do fenómeno, que possa servir de base à elaboração de um conjunto de recomendações que venham a contribuir para diminuir o fosso entre o pensar e o agir.
Analisar e reflectir sobre o nível de envolvimento dos investigadores portugueses na rede, no sentido de compreender o que promoverá a passagem do actor (actor quase-passivo) ao actor agente. Neste processo poder-se-á reconhecer quatro níveis de envolvimento: 1º nível - procura informação; 2º nível - disponibiliza informação; 3º nível - estabelece contacto ponto-a-ponto e 4º nível - estabelece uma rede.
Outro tópico que deve ser objecto de análise diz respeito aos pré-requisitos catalisadores ou bloqueadores dos processos de promoção do relacionamento e da divulgação do trabalho científico. A questão que se coloca é: em que medida existem factores que são de cariz geral que interferem no modo como o investigador se apropria da rede como instrumento de trabalho? Um exemplo poderá ser a influência do nível de literacia tecnológica como promotor ou inibidor de uma apropriação mais ou menos avançada dos serviços em rede. Outro, a influência da representação da necessidade ou não de dar aos conhecimentos desenvolvidos um carácter esotérico, reservado, que poderá fazer com que alguns investigadores não desejem disponibilizar os seus acervos de informação na Internet. Estes são apenas dois exemplos, entre muitos outros, que é necessário investigar em que medida são condicionadores do modo como os investigadores da Comunidade Científica Portuguesa usam, ou não, os serviços em rede embora reconheçam que no futuro próximo é inevitável usar este tipo de serviços e que a prova ontológica de qualquer investigador passam inevitavelmente pela sua presença e visibilidade na rede mundial que é a Internet.

Transformação de modelos organizacionais e poder nas bibliotecas universitárias brasileiras: o impacto da sociedade da informação
Cristina Carvalho (Universidade Federal de Pernambuco)
Sueli Goulart (Universidade Federal de Pernambuco)
sueligoulart@uol.com.br


As mudanças societárias criaram a sociedade assentada em organizações e estas assumiram um papel central na formatação, na velocidade e no alcance dos processos de transformação social. Mudanças fazem parte do cotidiano das organizações pois estas, sendo construções sociais formadas em torno do alcance de objetivos de eficiência e eficácia, dimensões basilares do modelo burocrático, dependem de sua capacidade adaptativa para sobreviver na sociedade competitiva que ajudaram a criar. A freqüência com que ocorrem e a dimensão que assumem dependem, segundo os analistas organizacionais, da freqüência e intensidade das transformações ocorridas à sua volta. Assim, a relação umbilical entre sociedades e organizações e a interconexão entre estes diferentes níveis permitem compreender a dinâmica social, a partir da análise organizacional.
Neste artigo discute-se como a transformação evolutiva dos modelos de gestão, da tecnologia e dos modus operandi das unidades de informação alteram o arranjo de poder e deslocam os núcleos de decisão nos cenários das organizações de ensino universitário. Esta explicação é construída tendo como base o processo de passagem do modelo fordista para o modelo pós-fordista de produção e a emergência da sociedade da informação. O presente trabalho é fruto de investigações anteriores das autoras somadas aos resultados de duas outras pesquisas anteriores no mesmo campo de estudo. Os dados que suportam a análise interpretativa são, portanto, oriundos de pesquisas realizadas nas décadas de 1970, 1980 e nesta. A primeira classificou os modelos estruturais das bibliotecas universitárias usando como referência a centralização como principal dimensão de análise. Descreveu modelos centralizados e descentralizados ressaltando vantagens e desvantagens de cada um para a política de acesso à informação das universidades. A segunda comparou modelos organizacionais adotados pelas bibliotecas universitárias, identificando as principais variáveis determinantes a fim de orientá-las quanto à adequação da estrutura adotada, sugerindo mudanças e adaptações necessárias. A coordenação sistematizada como referência do modelo estrutural, foi identificada na regulamentação oficial da maioria das instituições, constituindo-se, no entanto, mais discurso do que prática.
O cenário atual revela estruturas mais flexíveis, tematicamente especializadas, articuladas em redes de naturezas diversas, com ênfase no compartilhamento de recursos e referenciadas a um universo informacional global. Parece promover novo deslocamento no núcleo de poder nas organizações universitárias, especificamente em suas unidades de informação. Pressões normativas e legais, competitividade internacional, globalização são elementos importantes hoje na definição de políticas institucionais de informação. Assim, agências e redes especializadas adquirem capacidade de intervenção e controle sobre as ações organizacionais nas unidades de informação. O contexto da sociedade da informação impõe novos desafios aos dirigentes de universitários, entre eles a convivência de estruturas e processos tradicionais, ainda requeridos por alguns setores e atividades acadêmicos, com a busca da modernização na geração e oferta de serviços informacionais.
Embora as pesquisas realizadas nas décadas de 70 e 80, aqui citadas, não tivessem foco nas questões de poder, os estudos realizados pelas autoras deste trabalho na presente década recuperam os elementos que formataram aquelas configurações, ilustrados pela análise da implantação e desenvolvimento do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal de Alagoas. Esse mapeamento contribuiu para compreender as amplas mudanças societais ocorridas nas últimas décadas e seus reflexos nas unidades de informação das universidades, por meio de mudanças estruturais, tecnológicas e de poder ocorridas em seu âmbito. A "onipresença" das organizações no mundo contemporâneo indica que é por meio delas que os indivíduos se conectam ao universo macro-societal. Nesse sentido, as bibliotecas universitárias representam elos fundamentais entre os indivíduos e a sociedade da informação, acrescentando complexidade e atribuindo importância ao aprofundamento da análise nessas organizações.

A ética na sociedade de informação: o que delineia o olhar jornalístico na cobertura de conflitos
Andréia T. Couto (Universidade Paulista)
andreiacouto.cgd@unip.br

O presente texto pretende discutir o papel dos jornalistas no âmbito da divulgação de notícias na cobertura de conflitos. Para tanto, são discutidas algumas questões como ética e meios de comunicação na sociedade de informação e o papel da imprensa internacional na divulgação desse material. Em casos dessa natureza, jornalistas e repórteres fotográficos lidam com fatos extremamente complexos, na busca de reportagens e imagens, deslocando-se para áreas de conflito nos seus mais diversos contextos, tais como campos de refugiados, guerras, regiões atingidas por catástrofes naturais - terremotos, deslizamentos, enchentes, momentos nos quais ficam expostos a todo tipo de pressão: violência, morte, intolerância, stress, pressão do trabalho, das agências, ao caos que normalmente circunda esse tipo de situação.
Na sociedade de informação, onde imagens simples já não emocionam as pessoas, que procuram cada vez mais imagens complexas, de impacto e com efeitos, o jornalista - editores, repórteres, fotógrafos - são cobrados a tratar a imagem e o texto de forma cada vez mais fantástica, mas ao mesmo tempo a sociedade informacional cobra que as mesmas estejam recobertas pelo véu da ética: "a questão não está ma imagem em si, mas na relação subjetiva do espectador com ela" Lage, 1995, p. 42.
As novas tecnologias de informação, tão características da sociedade informacional, permitem não só maior fluidez das informações, estreitando os espaços e o tempo onde circulam, como também a disseminação do impacto e das reações causados pelas informações, mas não estão livres da mediação ética do que deve ou não ser liberado para o público. A sociedade em rede, para usar a terminologia de Castells (1999), permite que a escolha de um olhar seja apreciado e discutido por diversas culturas diferentes a um tempo cada menor. A distinção que se deve fazer entre o "domínio ético, ao sistema de valores que tem curso na sociedade global e em cada uma de suas instituições, e o domínio da moral, que diz respeito ao regimento normativo que regula os comportamentos e os discursos concretos" (Rodrigues, 1995), permite uma regularização no nível de distribuição das informações.
Le Pape, ao escrever ao escrever sobre o papel dos jornalistas em Ruanda, por ocasião do genocídio ocorrido em 1994, afirma que "o leitor não conhece bem as circunstâncias práticas nas quais se fazem as reportagens, podendo reconstituí-las parcialmente: quando são acolhidos pelos militares; quando se deslocam em grupos e comboios, a maior parte interroga os mesmos informantes, as mesmas testemunhas, descrevem os mesmos percursos. Diz-se também que observar os militares faz parte do trabalho desses jornalistas, que podem então ver nisso os riscos de se deslocar sem proteção. Ao ler os relatos de jornalistas sobre as condições de seu trabalho em Ruanda, percebe-se a característica inevitável das relações entre exército (missão da ONU, forças francesas) e repórteres. Não é inútil conhecer em geral o contexto das reportagens, ele nos lembra primeiro que a pesquisa de informações é uma pesquisa e que esta pesquisa está permeada por pressões, obstáculos, riscos. Isso é evidente, mas pode-se fazer uma leitura mais detalhada dos jornais, mais práticas, quando se tem em mente essas pressões" Le Pape, 1995, p. 43.
São momentos em que, mesmo frente a todo sorte de violência generalizada, quando os valores fundamentais do homem deixam de existir, que os jornalistas devem se sujeitar à arbitrariedade da razão, à racionalidade da objetiva da câmera ou à clareza do texto jornalístico.
Palavras-chave: comunicação; jornalismo; ética; sociedade de informação

Clique no botão do lado direito do seu rato para imprimir