O poder simbólico da religião. A dialética da exclusão e inclusão social de gênero nos espaços sagrados da Igreja Católica na região metropolitana de São Paulo.
José Carlos Pereira (CES)
cpzeca@uol.com.br

Enfocaremos os espaços sagrados da Igreja Católica como locus de expressão do imaginário religioso das pessoas, maioria mulheres, que o povoam. Templos específicos do catolicismo tradicional urbano, denominados aqui de "espaços sagrados", que se caracterizam como espaço social. Locais de relação social de luta pacífica entre o masculino e o feminino, numa disputa de poder, mas também espaço de formação de comunidade, fonte de representações simbólicas que possibilitam a integração de gênero. Delimitamos estes espaços de pesquisa em alguns templos das igrejas (paróquias) da região Sé da Arquidiocese de São Paulo.
Enfocaremos a dialética exclusão/inclusão social, destacando, em primeira instância, a Igreja Católica e sua relação de exclusão com a mulher; o conceito de exclusão social a partir da exclusão religiosa e suas relações com o tema proposto.
Por outro lado, destaque para a religião católica e a possibilidade de inclusão social, através dos ritos sacramentais, evidenciados como ritos de passagem e de inclusão no espaço sagrado e na sociedade.
Buscaremos uma possibilidade de síntese na abordagem do "poder simbólico da religião" propriamente dito, a partir de situações concretas de inclusão, recolhidas por meio de entrevistas, questionários e outros instrumentos que demostram a tese proposta: a religião como veículo de poder; os símbolos do poder sagrado; a religião como possibilidade de mobilização e mutação de situações concretas na vida das pessoas, mulheres em sua maioria, que ocupam tais espaços.

A droga e o sagrado em diferentes universos culturais
Maria do Socorro de Souza Vieira (Universidade Federal de Paraíba)
socorrosvieira@yahoo.com.br

O texto analisa a significação e as formas de uso de droga em outros contextos culturais, cuja organização social se difere da sociedade atual. Ao evidenciar essa diferença, o objetivo do estudo é fundamentar a argumentação de que a modalidade de uso de droga caracterizada como dependência é um fenômeno específico da modernidade. Trata-se, portanto, de tentar entender a relação entre a droga e o sagrado nos contextos culturais indígenas e tradicionais, procurando perceber o significado do uso simbólico e mitológico de droga naquelas sociedades e em que esta forma de consumo se diferencia do uso intensificado moderno.
O estudo baseia-se na obra de Balandier (1997b) sobre a desordem, o movimento das sociedades e as culturas tradicionais. Também fundamentam a reflexão três trabalhos realizados pelos antropólogos Monod (1976), Reichel-Dolmatoff (1976) e Seitz (1976), no final da década de 60 e início dos anos 70 do século XX, sobre o uso de alucinógenos em comunidades indígenas da região amazônica na América do Sul. Estas sociedades, mo período da realização dos estudos, mantinham-se praticamente isoladas do mundo civilizado e, assim, preservavam seus traços originais. Falavam suas próprias línguas, tinham seus próprios modos de organização social, suas técnicas, suas crenças, seu mundo simbólico.

Família, sexualidade e trajetória em contexto religioso plural
Dra. Edlaine de Campos Gomes - Museu Nacional / UFRJ
edlaine_gomes@hotmail.com

O debate proposto está inscrito no contexto religioso do Rio de Janeiro marcado pelo pluralismo e pelo trânsito inter-confessional, fortemente incrementado pelo crescimento do campo evangélico pentecostal. Um ponto relevante que assume um papel importante no debate é a leitura realizada pelas chamadas igrejas neopentecostais, em especial a IURD, de que práticas religiosas e sociais não estão dissociadas. Esta inserção na vida pública trouxe uma sensível mudança da lógica "estamos no mundo, mas não somos do mundo", peculiar às narrativas pentecostais. Há uma negociação constante entre o "estar no mundo" e o "ser do mundo", que é um ponto fundamental para o debate proposto pela presente pesquisa. A inserção no mundo marcada pela participação efetiva na esfera pública, através da política e dos meios de comunicação, influencia na complexificação do debate de temáticas como: família, sexualidade, reprodução e planejamento familiar - envolvendo aqui posturas distintas sobre aborto e contraceptivos - e as possíveis combinações com essas práticas religiosas. O estudo privilegia a análise de trajetórias individuais que englobam os processos de conversão e desconversão religiosa, movimentos característicos do exercício da autoridade reflexiva gerada na modernidade. Levando em conta esta característica, problematizo as combinações e interdependências entre as respectivas opções confessionais, os "regimes dos prazeres" e os "usos do corpo" - que também envolvem estratégias reprodutivas, aborto e práticas sexuais. A pesquisa se inscreve no âmbito de uma rede familiar específica e ampliada, considerando também os laços de afetividade que incluem "amigos" e "agregados".

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