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    Av. Defensores de Chaves, nº16, cave dtª 1000-117 Lisboa, Portugal
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    Do étimo grego khaos, χαος, o caos remete primeiro para o vazio primordial, informe, ilimitado, intemporal e indefinido, estado de não-ser que precede e propicia a emergência de cosmos (Κοσμος), ordem do mundo, real ou aparente (também étimo de cosmética). Só depois denota confusão indiferenciada de elementos que a intervenção de demiurgos faz estabelecer em ordens universais, imaginadas em míticas narrativas e personificadas em heróis e monstros. Pensar e dizer o caos assim não é pensar e dizer a crise no lamento de oportunidades perdidas, antes dizê-la na liberdade da imaginação das alternativas. Caos e ordem são dinâmicas vitais da (bio)diversidade. A desordem espontânea é tendência fundamental da vida; ela despoleta o movimento, o trabalho dos princípios de configuração dos organismos, em equilíbrio dinâmico. Ações e atores que criam organização e certeza – seja ela espontânea (auto-organizada) ou demiúrgica – sempre geram desordem e incerteza; ao esforço da ordem corresponde a energia não convertida em trabalho útil, a entropia. Da dominação-domesticação da desordem emergem modelos vitais de sobrevivência; do reconhecimento da entropia emergem as matérias de transformação, relocalizada em tempos e lugares.

    Diz a teoria do caos que, dada uma lei cujos princípios são altamente sensíveis às suas condições iniciais, alterações mínimas de uma trajetória no início de um sistema podem causar uma cadeia de acontecimentos no tempo que levam a transformações a grande escala, o efeito borboleta – onde o bater de asas de uma borboleta causa um tufão em outro lugar do planeta. O complexo reconhece-se não linear pois assume mais do que um modo de articular elementos. Simultaneamente unos e plurais, porque configurando sistemas distintos, eles entretecem ações, determinações, retroações a múltiplos tempos e espaços, mesmo quando nos surgem com a aparência de um todo.

    Crises são lugares privilegiados de conhecimento. Colocam-nos nos abismos e vazios do que (ainda) não está lá. Permitem pensar a ação humana situada em contextos permeados por ordens-constrangimentos e caos-criatividades que emergem da sobrevivência e da resistência à adversidade e à violência. Improvisos e surpresas são, por isso mesmo, dinâmicas radicais da alternativa.

     

    Clara Keating

    Observatório sobre Crises e Alternativas
    Centro de Estudos Sociais
    da Universidade de Coimbra
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