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    A história da crise tem sido contada como se os países da Europa do Sul (ou da sua periferia, como a Irlanda) fossem focos de uma doença que, a não ser travada através de meios radicais, rapidamente se propagaria ao conjunto dos países da União Europeia através de um efeito de contágio. Só um tratamento de choque, como o que está a ser imposto a esses países, permitiria conter a ameaça, circunscrevê-la e extirpar as suas causas. A imagem do contágio é usada também para caracterizar a transmissão da crise para a chamada economia real, com os seus efeitos negativos sobre o investimento produtivo, o emprego, a produção e o consumo. Invoca-se a necessidade de manter ou restaurar a saúde (financeira, orçamental e económica) dos países através de curas de “emagrecimento” do Estado e dos serviços públicos – e, literalmente, da maioria dos cidadãos, que assistem assim à erosão tanto dos seus rendimentos como do seu bem-estar.

    O medo do contágio leva a tomar medidas de exceção, inicialmente contra um país, que depois se tornam regra e passam a ser aplicadas a outros países, sempre evocando as fragilidades e falta de rigor no controlo das suas contas públicas e do seu endividamento, alegadamente demonstrada pela experiência histórica. Esta história desloca, assim, para os países económica e politicamente mais vulneráveis uma responsabilidade que deixa de pertencer ao capital financeiro, às agências de notação e aos especuladores, e à proteção que lhes é concedida, de facto, por organizações fi nanceiras internacionais, pela União Europeia e pelo Banco Central Europeu, pelos Bancos Centrais e pelos governos nacionais.

    Uma outra história da crise poderia ser contada. A linguagem da medicina pode continuar a servir de inspiração a essa outra história. Aí, a crise surgiria como uma das manifestações recorrentes de uma doença endémica a um sistema económico global dominado pelo capital financeiro, agravada por agressões a um espaço económico e monetário caracterizado por acentuadas desigualdades entre países.

     

    João Arriscado Nunes

    Observatório sobre Crises e Alternativas
    Centro de Estudos Sociais
    da Universidade de Coimbra
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