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    Etimologicamente, identidade é a qualidade do que permanece igual a si próprio. O conceito tem, assim, no seu cerne, uma dimensão essencialista, assente no pressuposto do fechamento em fronteiras estanques, no interior das quais um indivíduo ou um grupo social afirma um conjunto de traços distintivos só seus, indicativos de uma pertença de classe, raça, sexo, religião, etc. indiferente às transformações do devir histórico ou às incidências das inter-relações sociais e culturais. “Identidade” é inseparável da noção enfática de sujeito surgida na modernidade e da extensão romântica dessa noção na figura de um “sujeito coletivo”, exemplarmente representada pela ideia de nação. A reflexão contemporânea tem vindo a pluralizar o conceito, sublinhando o seu caráter construído e contingente: as identidades são socialmente produzidas e dependem de modos de afirmação da diferença que não são estáticos, mas dinâmicos – em rigor, as identidades são sempre interidentidades.

    Em conformidade, conceitos como ambivalência, hibridismo ou interculturalidade apontam para uma lógica de múltiplas pertenças e para modelos abertos. Estes, por sua vez, são postos inteiramente em causa por uma insânia da identidade, como a subjacente ao modelo fundamentalista do conflito das civilizações, que apenas concebe a relação entre culturas e identidades na forma de uma simples coexistência hostil e, no extremo, na forma da guerra.

    Os contextos de crise são propícios ao retorno a visões fechadas e a noções excludentes de fronteira. Se é verdade que a reivindicação de identidade enquanto “essencialismo estratégico” serviu, em momentos determinados, a grupos oprimidos para se tornarem visíveis na sua especificidade e conquistarem reconhecimento (veja-se, por exemplo, o movimento da negritude), não é menos certo que um conceito tradicional de identidade como mesmidade se nutre de uma retórica das raízes fundamentalmente conservadora. Um conceito mais aberto substitui essa retórica por uma lógica das opções e das alternativas, como fundamento de uma visão cosmopolita que não nega as dinâmicas de pertença, mas as concebe num quadro balizado por práticas de tradução no seio das quais os quadros de referência estão sempre sujeitos a um reequacionamento e os modos de relação se estabelecem a partir de uma noção abrangente de reconhecimento.

     

    António Sousa Ribeiro 

    Observatório sobre Crises e Alternativas
    Centro de Estudos Sociais
    da Universidade de Coimbra
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