Jorge Leite
Jorge Leite, um dos membros fundadores deste Observatório e um dos seus mais respeitados inspiradores, faleceu no dia 24 de agosto. Pela sua grandeza humana e pelo seu sereno sentido de camaradagem, deixa-nos uma saudade tão grande como a gratidão que temos para com ele. Pela sua condição de jurista impar, pelo profundo sentido de justiça e pela forma como pôs o seu conhecimento ao serviço de uma sociedade em que aos mais desprotegidos coubesse um lugar melhor, Jorge Leite marcou decisivamente os trabalhos que fomos realizando. De facto, ninguém melhor do que ele compreendeu e explicou que a inclusão pelo trabalho, pelo trabalho digno e justamente retribuído, é o mais poderoso mecanismo de coesão de que as sociedades dispõem e uma condição da sua riqueza, em vários sentidos do termo.
Foi Jorge Leite que sugeriu caminhos, incentivou a análise e apontou as visões mais acertadas que ficaram presentes em muitas das nossas iniciativa e publicações. Ainda recentemente quisemos deixar claro que a “intuição sagaz” que desencadeou a publicação do Caderno nº 13, sobre “horas extraordinárias”, foi sua porque era ele que tinha, a partir deste problema e do papel transviado que lhe estava a ser atribuído, “a noção mais precisa acerca do fulcro das coisas, do lado para onde o pêndulo se inclina e da feição que está a ser dada (...) às relações laborais, às escolhas jurídicas e, enfim, à sociedade”.
Por tudo isto, rendemos a mais profunda homenagem a Jorge Leite no momento em que parte e lembramo-lo como um dos que sentiram que este Observatório devia constituir-se, estudar e alimentar um debate que contribuísse para uma mais acertada visão do nosso país. Cumpre-nos agora realizar este caminho sem ele, mais pobres, mas estimulados pelo seu exemplo.
O Observatório sobre Crises e Alternativas tratará de organizar num momento próximo um colóquio de homenagem a Jorge Leite e ao seu pensamento.