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Av. Defensores de Chaves, nº16, cave dtª 1000-117 Lisboa, Portugal
Tel. +351 211 353 775

 

Perante o cenário de desindustrialização do Norte desenvolvido (Europa e América do Norte), surgiu, na década de 1980, a poderosa retórica da transição para uma economia nova, assente na criatividade e na inovação. A cidade criativa é um dos desenvolvimentos dessa tendência de regeneração económica global. Associada à ideia de uma “classe criativa”, fundada no talento (criatividade), na tecnologia (inovação) e na tolerância (diversidade social), a cidade criativa apresenta-se como a nova concretização territorial do capitalismo neoliberal. O seu fundamento é a existência de uma malha consolidada de recursos educativos, culturais, artísticos e tecno-informacionais, que, ao lado de infraestruturas de produção e de um mercado adequado, possa fixar capital humano e massa crítica. Os efeitos da crise sistémica interrogam de modo particular a capacidade de criação de cidades criativas.

Em Portugal, o discurso da cidade criativa tem vingado em ambientes académicos e algumas franjas profissionais, sobretudo, entre gestores autárquicos. É, na maioria dos casos, uma retórica com fraco substrato, que propagandeia uma vontade de renovação urbana e um desejo de projeção externa. A insistência na realização de espetáculos, festivais, exposições, ateliês, associada à adaptação/criação de espaços culturais (museus, bibliotecas) não basta para assegurar a alternativa que as cidades criativas prometem para promover a produção cultural e melhorar as condições de vida. Nas condições atuais, devemos reclamar uma outra cidade criativa: a que alimenta a articulação local entre cultura, comunicação, comunidade e cooperação e que só pode singrar em ambiente de competente governação democrática dos recursos locais e exógenos.

Para além da ostensiva autodesignação, as cidades criativas portuguesas devem pôr a criatividade ao serviço da sua própria condição urbana e social. A qualidade de vida (cultural), a coesão social e o emprego são as suas metas. Quanto mais bem-sucedidas internamente, mais competitivas se hão de revelar no exterior e mais merecida será a sua autoproclamada divisa.

 

Carlos Fortuna 

Observatório sobre Crises e Alternativas
Centro de Estudos Sociais
da Universidade de Coimbra
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