O conceito de inovação tem vindo a ganhar proeminência no discurso público em anos recentes, em resultado do reconhecimento da sua importância central para o processo de crescimento económico. Neste contexto, a inovação é particularmente associada à invenção de novas tecnologias, frequentemente com o contributo da investigação académica. No entanto, a inovação vai para além da dimensão tecnológica, abrangendo também a dimensão organizacional ou de design. Distingue-se do processo de invenção (passível de registo de patente), correspondendo antes à efetiva utilização económica de um novo produto ou processo, o que normalmente requer um período posterior de desenvolvimento e investimento consideráveis. Assim, este processo de inovação tanto pode corresponder à introdução de um novo produto ou processo a nível global como simplesmente a nível local, baseado na capacidade para a imitação avançada.
Com a maior capacidade de partilhar conhecimento em redes, tem-se vindo a desenvolver um novo modelo de “inovação aberta”, com amplos contributos dos respetivos utilizadores. O alargamento da participação nos processos de inovação é também evidente no conceito de “inovação social”, com a participação de organizações do terceiro setor, bem como do setor público. Este alargamento do conceito de inovação imprime também uma outra visão da inovação, indo para além do papel central da empresa e do contributo da Universidade, e centrando-se no seu impacto social. A inovação é atualmente identificada como a base do crescimento futuro das economias europeias, no período pós-crise. No entanto, não só a competitividade futura em inovação pode ser afetada pelas políticas de austeridade na Europa e pela falta de liquidez financeira e capacidade de investimento, como a competitividade externa, dos países do Sul global, é também cada vez mais baseada neste processo.
É importante refletir sobre uma visão da inovação como simples solução. Recordemo-nos de que várias inovações financeiras em anos recentes estiveram na origem da crise financeira iniciada em 2008. Este facto é apenas mais um alerta para nos lembrar da necessidade de uma governação responsável das inovações emergentes.
Tiago Santos Pereira