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Olhos mágicos do Sul (do Sul): iniciativas contra-hegemónicas na luta dos povos indígenas no Brasil
Lino João de Oliveira Neves - Brasil

Este capítulo pretende explorar e testar as possibilidades contra-hegemónicas de inciativas locais de grupos étnicos e do movimento indígena no Brasil.

Iniciativas indígenas, sejam aquelas com demandas pontuais, sejam aquelas de carácter político mais amplo, são, em ambos os casos, iniciativas de afirmação de direitos advindos de especificidades sócio-culturais que no conjunto dos povos indígenas os difere da sociedade nacional brasileira e que difere, ainda, cada um destes grupos étnicos entre si. São estas iniciativas, responsáveis pela conquista da voz política do índio como agente activo no campo do indigenismo brasileiro e pela afirmação de novas faces políticas do movimento indígena e de suas organizações locais, que serão tomadas como objecto de análise.

De modo objetivo, as iniciativas consideradas são as acções e programas cujas estratégias, formas de acção e mobilização apresentam um cunho mais marcadamente político, iniciativas estas que podem ser tomadas com exatidão como exemplos de globalizações contra-hegemónicas aos quais denominamos "cosmopolitismo".

Para uma contextualização do cenário alargado da política indigenista brasileira, a primeira parte apresenta um mapeamento histórico e político das lutas indígenas nos últimos anos, em particular do final dos anos 70 até os dias actuais. Conduzida a partir de estudo de caso da mobilização pela demarcação dos territórios indígenas, a segunda parte aborda as questões, os impasses, as estratégias adoptadas, os ganhos políticos e os revezes presentes no cenário dos processos de relacionamento interétnico no Brasil. A análise das lutas pela autodeterminação indígena no Brasil pode, sem dúvida, aportar um enorme contributo à produção de uma nova teoria social que melhor se apresente para a compreensão dos processos sociais contemporâneos.

A partir das iniciativas locais de diferentes grupos e do movimento indígena no Brasil, o capítulo pretende contribuir para o desenvolvimento de critérios que permitam a distinção entre formas emancipatórias e formas retrogressivas de mobilização, e que, ao mesmo tempo, permitam a construção de referencial teórico-conceitual que se apresente aos diferentes grupos humanos como instrumento de apoio às suas lutas de afirmação de direitos étnicos diferenciados no cenário das relações interétnicas globalizadas.

 
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