Este capítulo analisa os movimentos dos indígenas e dos negros da Colômbia em defesa da sua diversidade cultural e da diversidade biológica dos seus territórios.

Nos últimos vinte anos, os habitantes negros e indígenas das selvas do Pacífico colombiano têm vindo a integrar organizações étnicas para defender a sua autonomia, a sua cultura e os seus territórios. Reivindicam o direito e a autoridade para governar estes ecossistemas de forma não-destrutiva e para procurar o bem-estar dos seus habitantes. O Estado e o capital têm outras perspectivas, pois vêem esta região como portadora de riquezas ou vantagens para o mercado e a acumulação. Nos tempos actuais do capitalismo globalizado, "o biológico" irrompeu como factor crucial dos interesses do capital e da ciência. As selvas tropicais são vistas agora como lugares de grande valor estratégico graças aos seus recursos em termos de diversidade de espécies, composição genética e bioquímica, sendo também valorizadas como áreas de potencial expansão económica e de ampliação de infraestructuras. Os grandes agentes do capital pressionam para o reconhecimento, a nível mundial, de patentes sobre componentes de espécies biológicas, ignorando a autoria dos povos nativos que utilizaram estas espécies durante séculos. Os movimentos sociais de negros e indígenas resistem de maneira emancipatória à colonização dos seus espaços vitais por parte do Estado e do capital através de uma visão integral das suas sociedades, do território e seus recursos. As organizações étnicas empreendem acções políticas para divulgar as suas reivindicações e pontos de vista em cenários nacionais e internacionais, para reforçar a autonomia das suas organizações, para exercer o controlo sobre as suas terras e recursos naturais e para opor-se aos regimes de propriedade intelectual que privatizam os seres vivos e o conhecimento tradicional. Todavia, estes movimentos étnicos encontram-se seriamente ameaçados pela extensão da guerra interna colombiana até ao Pacífico e dos consequentes ataques dos grupos armados à população civil e a invasão dos seus territórios.