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Debatendo Swadeshi
Harsh Sethi - Índia

Este capítulo examina o modo como as ideias de autonomia e de identidade podem contrapor-se na Índia à globalização neoliberal.

Não supreendentemente, os debates indianos sobre a globalização tem sido dominados pelos economistas. Desde que o país enveredou por uma nova via de desenvolvimento económico, voltando-se mais para o livre jogo das forças de mercado do que para o planeamento estatal, orientando-se mais para os mercados externos do que para os mercados internos e adoptando uma política de bom acolhimento ao capital privado estrangeiro, têm havido temores de diluição da soberania nacional, senão mesmo acusações de recolonização.

A determinado nível, o debate na viragem do século XX para o século XXI recorda o discurso prevalecente um século atrás. Nessa altura o país estava sob domínio britânico e as políticas económicas eram claramente desenhadas para favorecer o capital britânico, levando ao esgotamento de recursos, desindustrialização e consequente pauperização. Apesar das contrastantes diferenças de contexto os temores hoje são semelhantes, com visões de empresas multinacionais dominando a economia, apoiadas em regulações desenhadas para favorecer o capital ocidental, sobretudo o norte-americano.

O debate tornou-se complicado e controverso porque, sem ter em conta os medos acerca do actual regime, é largamente aceite que se esgotou o modelo anterior de desenvolvimento estatalmente controlado e dirigido. Por isso, as forças sociais, lutando contra a mistura política actual, têm também que fornecer uma crítica viável à ordem anterior. Os movimentos sociais que se procuram situar em comunidades de base, suas culturas e sistemas de produção, enfrentam uma tarefa política penosa dada a desigual distribuição de poder no sistema.

Só apenas marginalmente o debate procurou ancorar-se em questões mais profundas de autonomia, auto-confiança intelectual e cultural e na necessidade de ressuscitar conhecimentos locais. Isto deve-se parcialmente às enfermidades e inequidades intrínsecas aos sistemas locais - em particular as exclusões criadas pela casta, comunidade e género. A confiança fundamental nas forças locais suscita o perigo de resvalamento para o obscurantismo.

O desafio enfrentado pelos planificadores políticos e forças sociais defensoras da emancipação é, pois, como construir um projecto social aberto, pluralista e inclusivo que possa manter contacto com as forças e instituições globais sem perder a sua identidade. O mais importante dos lideres da independência nacional argumentou em termos semelhantes a estes. Está ainda para se ver se a actual liderança do país pode responder a este desafio.

 
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