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União Geral de Cooperativas: um sistema alternativo de produção?
Teresa Cruz e Silva - Moçambique

Utilizando o estudo de caso da União Geral de Cooperativas Agro-pecuárias de Maputo (UGC), onde se cruzam e interagem as formas económicas e sociais, este capítulo tenta equacionar a possibilidade de realização de alternativas de produção, onde o espaço criado para a participação democrática e para o acesso e controle de recursos económicos e sociais abre caminho para igual acesso a várias formas de poder e de uma alteração das relações sociais de género, com a viabilidade do projecto se manter como uma alternativa válida, num contexto de economia aberta.

A procura de soluções para os seus problemas, no quadro que caracterizou a emergência e desenvolvimento da UGC, ajudou a encontrar formas alternativas de produção, primeiro, como resposta às estratégias de socialização do campo introduzidas pela FRELIMO depois da independência Nacional (1975), em cuja estratégia global a cooperativização deveria jogar um papel vital; segundo, para encontrar uma nova resposta à introdução em Moçambique das políticas neo-liberais e à consequente hegemonia do mercado.

As formas hegemónicas, produzem invariavelmente respostas alternativas, que não são exclusivamente económicas, mas podem apresentar a dimensão social. Foi justamente na área social que a UGC soube levar a cabo formas de inclusão social, particularmente para o caso das mulheres. A história da UGC mostra-nos assim, como foi possível construir um caminho que deu aos seus membros o papel de sujeitos de uma transformação. As formas democráticas de gestão e de tomada de decisões, feitas pelas camponesas, foram a alavanca que determinou essa mesma transformação, que permitiu a construção de um saber solidário. Para que as alternativas económicas deste projecto tenham uma viabilidade para manter a riqueza das alternativas sociais, a UGC terá que concretizar os projectos que tem em carteira, modernizar as suas cooperativas e unidades de produção, tornando-se concorrencial a nível nacional e internacional, e criar sistemas para que as suas mais variadas iniciativas caminhem mais rapidamente para uma forma de autosustentação. Uma vez que o apoio do Estado, a nível local e nacional a este tipo de empreendimentos não se faz sentir, a União Geral de Cooperativas terá que reforçar as suas cooperativas e unidades de produção de cuja iniciativa depende o seu desenvolvimento.

 
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