O Movimento Occupy Wall Street faz parte de uma onda global de protestos, tendo como precursores, entre outros, as mobilizações dos estudantes britânicos e chilenos pela Universidade Pública, as revoltas democráticas da Primavera Árabe, o movimento das acampadas e dos indignados (15-M) surgido nas praças espanholas, replicado por dezenas de cidades europeias, inclusive em Portugal.
Teve início no dia 17 de setembro de 2011, no Parque Zuccotti, rebatizado pelos ocupantes de Praça da Liberdade, e clamava pela ocupação, simbólica e literal, das ruas de Wall Street, centro nevrálgico da finança global. Desde então espalhou-se por mais de 100 cidades norte-americanas e cerca de 1500 à escala mundial. Dentro deste movimento, o Occupy Oakland destacou-se pela organização de uma simbólica “greve geral”, a 2 de novembro de 2011, na cidade onde teve lugar a última greve geral nos EUA, em 1946. A marcha até ao porto de Oakland, com o apoio dos sindicatos, logrou parar, durante algumas horas, o seu funcionamento.
A “Global Street”, conforme tem sido apelidada, opõe-se à “Wall Street”, ou seja, ao poder do capitalismo financeiro e das empresas multinacionais, que torna os cidadãos e as democracias reféns dos seus interesses económicos. São por isso comuns os slogans “Democracia Verdadeira, já” e “Nós somos os 99%”, que protestam contra as regras da economia que beneficiam apenas o 1% dos mais ricos do mundo.
O Occupy Wall Street, à semelhança das acampadas, privilegia a ocupação do espaço público, dinamizando discussões sobre temas políticos, recorrendo a assembleias, auto-organizando comissões de trabalho e com uma metodologia de tomada de decisão assente no consenso não vinculativo. A ocupação do espaço público tem-se tornado, ela própria, objeto de disputa, com sucessivas pressões por parte das autoridades e intervenções das forças policiais de forma a inviabilizar a manutenção das ocupações permanentes levadas a cabo nessas praças.
Hugo Dias