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Xavier, Caldas (2011) (PT)

 

 

“Começando com uma pequena biografia do autor, a obra relata ‘os acontecimentos havidos no prazo Maganja d’aquém Chire’ e refere os antecedentes imediatos do ataque às instalações da sede da Companhia de Cultura e Comércio do Ópio em Moçambique localizadas em Mopeia, 11 de agosto de 1884.” Trata-se de uma descrição dos conflitos que ocorriam na Zambézia à data, da instalação aí da primeira companhia verdadeiramente capitalista. A abolição da escravatura e a implantação de um novo modo de produção “implicava a destruição de uma ordem social enraizada no terreno e assumida nas mentalidades ao longo de séculos.” A revolta do Massingire, de 1884, é demostrativa dos “conflitos surgidos na crise gerada pela transição do antigo para o novo regime em Moçambique, ou seja, a passagem do sistema senhorial para o capitalismo de plantação.” Isto significava o “despojamento de privilégios que a implantação no terreno da nova ordem impunha aos grupos dominantes, v.g, os senhores (então os arrendatários dos prazos) e os achicunda [escravos]. (…) Assim sendo, estamos perante factos que radicam mais no conflito de caráter classista e menos (para não dizer nada) na afirmação nacionalista ou mesmo protonacionalista.” Caldas Xavier, apesar da sua parcialidade, retrata “de uma forma direta e minuciosa os contornos precisos dos conflitos no terreno tais e quais se expressaram não só entre as instituições como entre os indivíduos que as representavam.”