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O grande debate das últimas décadas na atividade cultural prende-se com a dicotomia que se estabelece entre o Estado e o mercado. Nas músicas é necessário ir mais além, dado o corte transversal que atravessa essa antiga dicotomia e a pulveriza em numerosas interações e circulações. Se será válida para discutir o papel e o financiamento das grandes instituições do Estado, há vários outros fatores que multiplicam a presença no mercado e a sua interação com o Estado.

Ao mesmo tempo, a crise da indústria discográfica traduz-se na sua concentração nos artistas de lucro assegurado e no abandono de todas as expressões musicais que envolvam fatores de risco. Há assim uma dupla retração, a do Estado e a do mercado discográfico, com influência direta nas redes de concertos. Neste quadro, emergiu nos últimos anos um conjunto de pequenas editoras independentes, dirigidas para áreas musicais minoritárias de vários matizes e esse é já um fator em curso de alternativa.

Nas instituições fortes do Estado, a programação de “autor” depende dos critérios pessoais do programador e o efeito “cosmopolita-mas-subalterno” tem sido um aspeto negativo. Ao ser emulado pelo país fora, dificulta a circulação de produções no interior do país quando as redes que existem já são precárias. As práticas musicais mais atingidas pela crise serão talvez as mais pesadas ligadas às grandes instituições culturais. As orquestras existentes verão a sua existência ameaçada pela diminuição do financiamento estatal ou autárquico. Para os compositores, será previsível uma diminuição das encomendas em geral e será necessário transformar o desejo criativo numa espécie de política de amizade com músicos. Não apenas na atividade propriamente artística, mas também na descoberta ou criação de novos espaços, procurando grupos de músicos amigos, respondendo aos pedidos de novas peças como modo alternativo de dar realidade ao impulso criativo,
o que significa, antes de mais nada, “ser tocado”. Face a um desafio desta natureza, uma atitude passiva ou de indiferença será um prelúdio fúnebre.

 

António Pinho Vargas

Observatório sobre Crises e Alternativas
Centro de Estudos Sociais
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