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Os indicadores demográficos são, talvez, os dados que melhor espelham as intensas transformações do nosso país nas últimas quatro décadas. A sua evolução revela, por um lado, mudanças significativas e, por outro, nalguns casos, ritmos rápidos de transformação. A mudança mais notável é certamente a queda da fecundidade para os níveis mais baixos do mundo, extraordinária pelos níveis de partida e de chegada dos valores em causa (o valor médio era, em 1960, 3,2 filhos por mulher e, em 2011, 1,3), pelo ritmo vertiginoso da descida e pela uniformização à escala nacional. No entanto, se esta é a mudança que mais se destaca, outras, mais ou menos relacionadas com ela, se têm feito sentir: a descida da dimensão média das famílias; o aumento dos casais sem filhos e das pessoas sós; o crescimento dos nascimentos fora do casamento; a generalização da contraceção; o aumento da idade média ao primeiro casamento; o decréscimo da nupcialidade; o aumento da divorcialidade; o crescimento continuado das taxas de atividade feminina; o aumento das taxas de escolarização; o prolongamento das carreiras escolares. Os indicadores multiplicam-se, revelando as mudanças das últimas décadas. Estas transformações resultam hoje em profundas tensões ao nível das práticas e das representações.

A quebra da fecundidade e o aumento da esperança média de vida deram origem a uma estrutura demográfica envelhecida, duplicaram a população dependente de cuidados e transformaram a geração adulta ativa numa geração sanduíche, entalada entre os cuidados das crianças e dos idosos, sem dispor de estruturas de apoio. Numa sociedade onde a família continua a ser a grande responsável pela proteção social, são cada vez maiores os limites impostos à ação das solidariedades familiares. Por um lado, a instabilidade das uniões e a complexificação dos laços de parentesco podem diluir a força das obrigações familiares. Por outro, as mulheres são as principais prestadoras de cuidados, num contexto de forte participação no mercado de trabalho.

A retração do Estado social representa uma pressão adicional sobre este modelo e, seguramente, sustentará o declínio continuado da fecundidade e a ausência de alternativas para a população envelhecida. O envelhecimento demográfico não tem sido encarado como um desafio social e económico, pelo que temos hoje uma sociedade cujos valores culturais estão em profunda contradição com a realidade demográfica.

 

Sílvia Portugal 

Observatório sobre Crises e Alternativas
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