Film Session + Debate

«O Homem Novo, Entre a Luta e os Afectos» by Camilo de Sousa and Isabel Noronha

May 23, 2019, 21h30

Casa das Artes Bissaya Barreto (Coimbra)

Notas biográficas

Isabel Noronha

Isabel Noronha, nascida em Lourenço Marques (Maputo) em março de 1964, é uma das cineastas moçambicanas com maior e mais premiada filmografia, realizada ao longo de 35 anos de carreira. Iniciou-se como cineasta em 1984, no Instituto Nacional de Cinema - INC, como assistente de produção e depois assistente de realização, continuísta, diretora de produção e finalmente realizadora, aprendendo cinema com realizadores e técnicos moçambicanos, na prática do "Kuxa kanema" (jornal cinematográfico de atualidades), documentários e filmes de ficção produzidos nesta instituição. Além do cinema, Isabel Noronha dedica-se à investigação. Doutorada em Antropologia Social pela Unicamp (Brasil), tem uma licenciatura em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior Politécnico e Universitário (Moçambique) e mestrado em Saúde Mental e Clínica Social pela Universidade de Léon (Espanha).

Foi membro fun­dadora da pri­meira co­o­pe­ra­tiva in­de­pen­dente de Video “Co­o­pi­magem” e da As­so­ci­ação Mo­çam­bi­cana de Ci­ne­astas. As­sinou vá­rios filmes, de que se des­taca Ngwenya, O Cro­co­dilo, em torno da fi­gura do pintor Ma­lan­ga­tana,  dis­tin­guido pelo Fes­tival de Milão como me­lhor do­cu­men­tário de África, Ásia e Amé­rica La­tina.

Sempre interessada em temáticas sociais, iniciou, com Trilogia das Novas Famílias, pesquisas sobre novos modelos familiares em Moçambique como resultado do SIDA.  Junto com Vivian Altman, realizadora franco-brasileira de animação, realizou filmes que misturam técnicas de documentário e animação, de que são exemplos Mãe dos Netos, Salani e Meninos de Parte Nenhuma.

Realizou também filmes em que se cruzam temáticas culturais com aspectos de gênero, como Espelho Meu, co-realizado com Altman (Brasil), Firouzeh Khosrovani (Irão), Irene Cardona (Espanha). No mesmo sentido, realizou com Camilo de Sousa, Na Dobra da Capulana.

 

Camilo de Sousa

Camilo de Sousa, cineasta moçambicano, nasceu em Lourenço Marques (Maputo) na Mafalala em 1953. Foi repórter fotográfico e redator do diário "O Jornal", em Lourenço Marques, ao lado dos jornalistas João Reis e José Craveirinha. Em 1972, refugiou-se na Bélgica, onde obteve o estatuto de refugiado político junto às Nações Unidas (UNHCR). Em 1973 partiu para a Tanzânia e juntou-se à Frente de Libertação de Moçambique, fazendo treino de guerrilha em Nachingwea, após o qual foi integrado na Frente de Cabo Delgado, lutando pela Independência de Moçambique. Após a Independência, trabalhou em projetos de caráter social e de comunicação na Província de Cabo Delgado, criando a primeira rede moçambicana de correspondentes populares de informação e levando o cinema móvel a todos os distritos e localidades desta província.

Iniciou a sua carreira profissional em cinema, em 1978, trabalhando como Produtor Executivo no filme de Ruy Guerra “Mueda – Memória e Massacre”. Em 1980, ingressou no Instituto Nacional de Cinema, onde trabalhou até 1991 como realizador, editor, diretor de produção, produtor e finalmente Diretor Geral de Produção.  Participou nas discussões com o realizador francês Jean-Luc Godard sobre o seu projeto “Son-Image”.

Em 1992, com outros profissionais de cinema e comunicação, criou a primeira Cooperativa Independente de Comunicação e Produção de Imagem, a Coopimagem. Em 2001, associou-se à Ébano Multimédia, trabalhando como Produtor e Realizador.  É membro fundador e vice-presidente da Associação Moçambicana de Cineastas, criada em 2003.

 

Luis Bernardo

Doutorando do programa “Pós-Colonialismos e Cidadania Global” do CES e coorganizador de ciclos de cinema no âmbito do curso. O seu estudo intitula-se “O Imaginário colonialista no cinema de ficção português entre 1974 e 2016”. Mestre em Estudos Artísticos (Variante de Estudos Fílmicos- FLUC) e licenciado em História (Variante de História da Arte- FLUC). Os principais interesses de investigação centram-se nas relações entre cinema e colonialismo, representações pós-coloniais no cinema, cinema militante.