O Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP 2010) define a “economia verde” como aquela capaz de produzir melhores condições humanas e equidade social, reduzindo significativamente os riscos ambientais e as “escassezes ecológicas”. A economia verde permitiria supostamente alcançar ao mesmo tempo uma baixa emissão de carbono, a eficiência energética e a inclusão social. Trata-se de uma formulação muito vasta de objetivos que, no atual regime técnico e económico-político, são de facto incompatíveis.
Embora a reconversão do sistema económico para tecnologias “verdes” seja uma necessidade, essa reconversão não garante por si só nem uma maior equidade social nem a preservação de recursos naturais. Em muitos casos, a implantação de estruturas que incorporam tecnologias “verdes”, como a coincineração de resíduos, a energia eólica ou fotovoltaica, ou o transporte ferroviário, é objeto de disputas e contestação social por causa do impacto ambiental que elas geram nos contextos onde vão ser localizadas. Um caso emblemático é a energia atómica, considerada por alguns a forma mais “limpa” de geração de energia, por outros a mais perigosa e poluente. Além disso, tais estruturas pressupõem o emprego de trabalho humano em condições pouco sustentáveis ou saudáveis, como no caso da reciclagem de resíduos sólidos urbanos. Por último, grandes investimentos na economia “verde” podem comportar a expropriação de espaços e gasto de recursos de uso comum, como no caso da plantação de eucaliptos feita no âmbito do “mercado do carbono” global para compensar emissões de CO2.
Visões alternativas da “economia verde”, baseadas na crítica dos mecanismos económico-políticos vigentes (como as teorias do “decrescimento”, do “bem viver” ou da “transição”), enfatizam três condições imprescindíveis para uma verdadeira reconversão da economia: a pequena dimensão e relocalização das atividades económicas, a recusa dos modelos de consumo dominantes, e a valorização não monetária da natureza e dos ecossistemas.
Stefania Barca