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Usamos enobrecimento como tradução do vocábulo gentrication para traduzir a tendência de transformação social de áreas populares e degradadas das cidades da era industrial e pós-industrial em zonas nobres. É manifesta a carga política que está por detrás da enunciação deste processo de tornar “nobre” (gentry) um quarteirão ou um bairro específico das cidades. Na verdade, em rigor, enquanto processo de reconversão urbana, o enobrecimento implica a substituição de residentes (famílias de classes trabalhadoras, funcionários, reformados, imigrantes e franjas da classe média tradicional) e atividades populares (pequeno comércio, indústrias decadentes, armazéns devolutos) por outros residentes e outras atividades que sinalizam a feição moderna (abastada, educada, culta e consumista) das cidades contemporâneas. Em linguagem direta, o enobrecimento trata de afastar os pobres para dar aos ricos o privilégio de viver no centro da cidade. O enobrecimento enuncia, portanto, um processo de contestação e luta social.

O enobrecimento urbano, embora traduza uma tendência recente de requalificação da cidade, recua até à reforma urbanística de Paris de meados do século XIX. O afastamento das classes pobres do centro da cidade para aí instalar grandes avenidas, atividades de comércio e zonas residenciais de prestígio fez parte da modernização da capital francesa. Tal reforma facilitou também o policiamento das classes populares, reduzindo, assim, o ambiente revolucionário que Paris ainda respirava. Outras grandes cidades europeias (Berlim, Madrid, Manchester) e da América Latina (Buenos Aires) seguiram o exemplo de Paris.

Entre nós, o Parque das Nações, na zona sul de Lisboa onde se realizou a Expo’98, tem sido apontado como exemplo de enobrecimento. Porém, ao contrário da experiência das cidades do Norte da Europa e da América, no caso português não há desalojamento forçado de residentes, mas tão-só substituição de velhas instalações industriais por novas áreas residenciais, de consumo e de lazer. Parece mais acertado, portanto, falar-se de reabilitação urbana, isto é, de enobrecimento sem desalojamento de residentes. O Bairro Alto, em Lisboa, é um outro caso de falso enobrecimento na década de 1980, pois tratou-se da criação de um “bairro cultural” que convive com a presença dos moradores tradicionais.

 

Carlos Fortuna 

Observatório sobre Crises e Alternativas
Centro de Estudos Sociais
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