Apresentação:

A eleição de Obama para a presidência dos EUA em 2008 pareceu dar um apoio adicional à noção de que os EUA se transformaram numa sociedade pós-racial. Este argumento tem alimentado a posição dos grupos de interesse de acção anti-afirmativa desde a década de 1980 e daqueles, pertencentes às sociedades ocidentais, que se opõem a políticas anti-discriminação devido ao seu reconhecimento da diferença, em geral, e da raça, em particular. Os teóricos raciais têm argumentado, de forma consistente, que considerar uma sociedade como pós-racial significa ignorar a persistência do racismo na definição continuada da desigualdade socioeconómica, não obstante as relações societais com a raça ao longo do tempo. Apesar destas críticas, a noção de que somos pós-raciais tem vindo a ganhar terreno numa era pós-11 de Setembro, definida por uma crescente desconfiança face à diversidade. Claramente racializada, esta desconfiança é, contudo, baseada em termos culturais e civilizacionais que tentam evitar a carga do racismo. Deste modo, as políticas que têm por objectivo contrariar a falha evidente do multiculturalismo na Europa apresentam, actualmente, soluções culturalistas para problemas originados por uma diversidade cultural em excesso (Goodhart 2004). Esta política faz parte de uma cada vez maior culturalização da política, em que o argumento pós-racial pertence a uma lógica pós-política que ostenta justificações políticas para a agitação e crescente desintegração sociais em prol de justificações culturalistas simplistas. Esta culturalização da política é compreendida relacionando-a com o afastamento da política que resulta da ascendência da raça ocorrida no século XIX (Hannaford 1996), demonstrando, assim, a importância da análise da noção de pós-raça no âmbito de uma análise mais ampla da profunda rejeição da política, que tem sido, e continua a ser, definitiva.

Nota Biográfica:

Professora Associada de Sociologia e membro do núcleo de investigação em Teoria Social e Sociologia Política. As suas áreas de investigação incluem a teoria crítica da raça, do racismo e anti-racismo e conta com uma ampla investigação no campo da política contemporânea da (i)migração e das acções colectivas em defesa dos direitos dos migrantes. Mais recentemente, concentra a sua investigação na crise do multiculturalismo tanto na Europa como ao nível global, com atenção especial para as interligações entre a Europa e a Índia.

Publicações:

 Racism and Anti-Racism in Europe (Pluto Press, 2004).

 Race and State (co-edited with Ronit Lentin, Cambridge Scholars' Press, 2006).

 Racism:A beginner's guide(OneWorld, 2008).

 The Politics of Diversity in Europe (co-edited with Gavan Titley; The Council of Europe, 2008).

 “Europe and the Silence About Race”, European Journal of Social Theory 11(4):487-503, 2008.

 “After Anti-Racism?”, European Journal of Cultural Studies, 11(3):311-331, 2008.