Seminário avançado de investigação – Projeto Alice

Da gestão da confiança: algumas lições para a história

Elísio Macamo (University of Basel)

7 de dezembro de 2012, 17h00-19h00

Sala 1, CES-Coimbra

Comentários: Catarina Gomes e Julia Suárez-Krabbe

Resumo

Sobre a noção de “confiança” já se escreveu muito nas mais diversas áreas de produção de conhecimento científico. Foi sobretudo na economia, em articulação com a noção de “capital social”, que uma boa parte do que sabemos sobre a relevância desta noção para a compreensão da estrutura da sociedade moderna se constituiu em conhecimento autoritativo. O objectivo desta contribuição é de articular a noção de “confiança” com a experiência histórica africana para dela extrair algo que a Europa pode aprender de África, nomeadamente uma virtude que na verdade é uma dimensão da “confiança” e foi reflectida com certa profundidade pelo sociólogo alemão Niklas Luhmann: expectativa (a palavra original alemã é “Zuversicht”, mas de defícil tradução para o Português por ser traduzida por “confiança”). A “expectativa” é o estado geral de confiar na probabilidade de ocorrência daquilo que consideramos positivo, mas conscientes de que pouco podemos fazer para influenciar as coisas. Luhmann usa esta dimensão da “confiança” para a distinguir da “confiança” propriamente dita que consiste em tomar riscos. A distinção é próxima do que torna o risco e o perigo diferentes (o primeiro é um cálculo consciente de probabilidades e o segundo efeito da exposição ao contexto). Tendo esta discussão como ponto de partida a contribuição pretende fazer uma reflexão que se debruça, no plano epistemológico, sobre a importante questão da teoria da História que tem constituído um dos maiores desafios na relação entre a África e a Europa


Nota biográfica

Elísio Macamo é atualmente Professor de Estudos Africanos na Universidade de Basileia, Suiça. Anteriormente foi Professor de Sociologia do Desenvolvimento na Universidade de Bayreuth, Alemanha. Fez os seus estudos em Xai-Xai, Maputo (Moçambique), Salford (Inglaterra), Londres e Bayreuth. É Investigador no Stellenbosch Institute for Advanced Study (África do Sul), membro dos conselhos científicos das revistas "Afrika Spektrum" e "Indilinga - African Journal of Indigenous Knowledge Systems", membro da direcção da Associação Alemã de Estudos Africanos e membro do comité científico do CODESRIA. Publicou livros e artigos nas áreas da sociologia do risco, da política, da religião, do trabalho e do conhecimento. Das suas publicações, destacamos os seguintes livros, (2006): Negotiating Modernity - Africa’s ambivalent experience. London: Zed Books, Dakar: CODESRIA; (2005): O abecedário da nossa dependência. Maputo: Ndjira..