A morte de José Mariano Gago empobrece a comunidade científica e empobrece o país. José Mariano Gago mostrou, por todo o seu trabalho, o lugar central que uma política científica tem que ocupar em qualquer estratégia de desenvolvimento que se queira séria para um país como Portugal.A inércia do atavismo de um Portugal rendido à sua menoridade leva ainda hoje alguns a dizer que Portugal tem doutorados a mais e que o investimento em ciência tem laivos de luxo. Contrariando lúcida e corajosamente esse espírito, José Mariano Gago deu rosto a um pensamento e a uma prática arrojados e ambiciosos de qualificação do país. Como pensador e como decisor político, foi essa a sua causa principal.

Estruturando o tecido científico português, dando-lhe um desígnio estratégico, exigindo para as ciências sociais e humanidades um estatuto de corpo inteiro na vida científica, combatendo por uma inserção não subalterna da comunidade científica portuguesa no que de mais exigente se faz em ciência na Europa e no mundo, criando uma cultura de avaliação rigorosa e isenta pautada pelos mais altos padrões internacionais nessa matéria, José Mariano Gago pôs a ciência no centro de um programa para o país.

Foi também um companheiro certo de muitas reflexões do Centro de Estudos Sociais (CES) sobre os caminhos a trilhar na afirmação das ciências sociais e das humanidades em Portugal. Era um dos nossos.

À sua família o CES apresenta uma muito sentida expressão de pesar.

O CES associa-se à homenagem da comunidade científica portuguesa a José Mariano Gago parando as suas atividades, na próxima Segunda-feira, dia 20 de Abril, durante 5 minutos a partir das 12 horas. Um gesto simbólico que carrega em si uma profunda admiração pelo seu trabalho como cientista e como político.

18 de Abril de 2015

Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra