Colóquio Internacional

Os Filhos da Guerra Colonial: pós-memória e representações

14 e 15 de junho de 2011

CES-Lisboa/Centro de Informação Urbana de Lisboa

Iniciativa no âmbito de projecto Os filhos da guerra colonial: pós-memória e representações

PROGRAMA [descarregar versão em PDF]

Terça-feira, 14 de Junho
09h30-10h00 | Sessão de abertura
10h00-10h10 Projecção fotográfica de Tommaso Rada
10h10-13h00
 | Sessão 1: Traumas colectivos, memórias europeias
Moderador: Margarida Calafate Ribeiro (CES)
•  António Sousa Ribeiro (CES)
•  Bernard MacGuirk (Universidade de Nottingham)
•  Roberto Vecchi (Universidade de Bolonha)
Debate (12h00-13h00)

Almoço

14h30-17h00 | Sessão 2: Pós-memória da Guerra Colonial
Moderador: António Sousa Ribeiro (CES)
•  Paula Ribeiro Lobo (Universidade Nova de Lisboa)
•  Hélia Santos (CES)
•  Margarida Calafate Ribeiro (CES)
16h00-17h00 | Debate

17h00-17h30 | Pausa para café
17h30 | Apresentação da peça “IGNARA#Guerra Colonial” (Paulo Campos dos Reis, Filipe Araújo e Susana Gaspar)

Quarta-feira, 15 de Junho
10h00-13h00| Sessão 3: Guerra, Trauma e Transmissão Intergeracional
Moderador: António Sousa Ribeiro (CES)
•  Rui Mota Cardoso (Faculdade de Medicina do Porto)
•  Luísa Sales (Hospital Militar de Coimbra/CES)
•  Ivone Castro Vale (Faculdade de Medicina do Porto) 
•  Aida Dias (CES)

Comentários: Luiz Gamito (Psiquiatra, Lisboa)
12h00-13h00 | Debate

Almoço

14h30-15h30 | Projecção de excertos dos documentários "Quem vai à Guerra", de Marta Pessoa (2011) e "Poeticamente Exausto, Verticalmente Só: a História de José Bação Leal", de Luísa Marinho (2007)

15h45-18h00 | Mesa redonda: Representações da pós-memória da Guerra
Moderadora: Margarida Calafate Ribeiro (CES)
•  Com Ana Vidigal (artista plástica), Pedro Branco (músico), Marta Pessoa e Luísa Marinho (realizadoras),  Norberto Vale Cardoso e Rui Vieira (escritores) e  Susana Gaspar (actriz)

18h00-19h00 | Pausa para café
19h00 | Lançamento da Antologia da Memória Poética da Guerra Colonial (Afrontamento, 2011)



Apresentação do projecto Os filhos da guerra colonial: pós-memória e representações

Entre 1961-1974 Portugal manteve em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau uma longa Guerra Colonial não publicamente assumida. A memória desta Guerra na sociedade portuguesa contemporânea liga-se a três acontecimentos históricos marcantes: o final da ditadura salazarista, o 25 de Abril de 1974 e a descolonização. A grandeza destes acontecimentos na história contemporânea portuguesa, por um lado, e a quase inexistência de estudos de história colonial portuguesa, por outro, permite que a Guerra Colonial seja vista como algo externo e não como algo de profundamente interno a Portugal e aos países africanos entretanto independentes. Assim, ela apresenta-se incompreensível e mantém-se reservada aos grupos que são portadores da sua memória: os ex-combatentes e as suas famílias.

O presente projecto de investigação aprofunda algumas linhas críticas sobre a Guerra Colonial a partir de testemunhos de filhos de ex-combatentes, ou seja, a partir da pós-memória da Guerra, a memória daqueles que não a experienciaram, mas cresceram mergulhados em narrativas da guerra vivida pela geração dos seus pais.

A abordagem transdisciplinar que propomos – combinando áreas como a crítica literária, os estudos culturais, a psiquiatria, a sociologia, a história, ou a ciência política – usufrui do actual debate teórico sobre três directrizes: a pós-memória no âmbito da memória familiar e colectiva; o trauma no âmbito da reflexão crítica sobre o pós-Guerra Civil de Espanha, o pós-Holocausto, o pós-guerra da Argélia, o pós-Vietname, e o pós-Apartheid; e as contra-histórias marginais que surgem a partir da problematização do silêncio ontológico que funda o subalterno numa linha crítica que une Gramsci à tradição dos Subaltern Studies e dos estudos pós-coloniais.