Seminário Internacional e documentário

Processos de invenção, transposição, subversão da colonialidade e emancipação nas relações de cooperação SUL-SUL: o caso de Timor-Leste

Daniel Simião

Irlan von Linsingen

Kelly Silva

Suzani Cassiani

2 de novembro de 2015, 15h00

Sala 1, CES-Coimbra

Moderadora: Maria Raquel Freire (CES)

Entrada livre com inscrição obrigatória


Resumo
Em virtude de várias pesquisas desenvolvidas e em desenvolvimento sobre o Timor-Leste e com o objetivo de socializar esses conhecimentos, este seminário internacional abordará temas sobre educação e cultura. Reunindo especialistas das áreas de Antropologia e Educação, o seminário procurará abrir o debate para além dos quadros conceituais dominantes, enfatizando as relações Timor-Leste e Brasil.

Intervenções:

Dinâmica:

15h00 - Será exibido o novo documentário “Pás ho Dame”, 2015, de 80 minutos com presença do diretor Daniel Simião (Universidade de Brasília).

Sinopse:
Por meio de duas histórias de separação entre jovens em uma aldeia timorense o filme retrata processos locais de resolução de conflitos e suas consequências para a relação entre grupos familiares. Temas como a importância das trocas de bens para reparação e reconhecimento do valor de pessoas e grupos sociais, a forte relação entre justiça e signos de sacralidade, o papel das autoridades locais na mediação entre o que é visto como cultura e Estado, a emergência de um sentido de indivíduo e da ideia de amor romântico, entre outros, são abordados em uma narrativa visualmente densa e dinâmica.

16h20 – 16h50 Comentários por Kelly Silva (Universidade de Brasília/Investigadora visitante do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa): A invenção e transposição da modernidade em Timor-Leste: ansiedades.

16h50 – 17h00 - Intervalo

17:00h – 18:00h - Seminário: Desafios para a Cooperação Educacional Internacional do Brasil na formação de professores em Timor-Leste: romper barreiras e explicitar silêncios em contexto multicultural e plurilíngue por Irlan von Linsingen e Suzani Cassiani [Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)/Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra]

Desde 2005, o Brasil envia anualmente até 50 professores (cooperantes) para atuarem no âmbito do “Programa de Qualificação de Docente e Ensino de Língua Portuguesa no Timor-Leste”. Em 2009, nossa universidade passou a coordenar o programa e a esta cabe, entre outras ações, selecionar, preparar, orientar e avaliar o trabalho dos cooperantes brasileiros durante o período em que lá permanecem, além de realizar articulações políticas com autoridades timorenses. Muitos foram os desafios que encontramos em nossas missões, dois dos quais destacamos aqui: 1) o ensino de ciências em língua portuguesa a não falantes ou pouco falantes de português, futuros professores ou docentes em serviço, os quais necessitavam de formações numa língua que não tinham domínio; 2) os efeitos da colonialidade do saber/poder e a transnacionalização de currículos por parte das cooperações internacionais que passaram a atuar no país depois da saída da Indonésia. Ambos desafios se desdobram em outros mais, quando pensamos o perfil de cooperante para trabalhar em contexto tão complexo, multicultural e plurilíngue como o timorense. Num tal cenário, como produzir e implementar práticas emancipatórias que visem a descolonização de saberes? Qual o perfil mais adequado de cooperantes para atuarem nesses contextos? Quais os desafios para brasileiros e timorenses, sobre que ciências ensinar em Timor-Leste? Considerando que as formações iniciais dos brasileiros se dão num contexto cultural historicamente eurocêntrico e monolíngue, não será difícil perceber que as demandas para essa atuação estão muito além do que temos em nossas universidades. É necessário repensarmos a formação de professores brasileiros, seja inicial ou continuada, para que possamos construir saídas não só para uma adequada participação em cooperações internacionais de feitio emancipador, mas também para a atuação interna em contextos culturais e linguísticos locais e regionais no próprio país. Nessas análises, as problematizações envolvendo a colonialidade do saber/poder, as atuações assistencialistas, as contribuições para a consolidação da paz, entre outras, animam reflexões que servirão de subsídio para a construção de propostas mais consistentes e pertinentes para futuras cooperações educacionais internacionais.


Organização: Suzani Cassiani, Irlan von Linsingen