Seminário

Relato de Experiências de Intolerância Religiosa e Direitos Humanos: Olhares sobre as práticas em Religiões de matriz africana no Brasil

Guilherme Lima Cardozo

Luciane Ribeiro Dias Gonçalves

Saskya Miranda Lopes

21 de abril de 2016, 14h00

Sala 1, CES-Coimbra

Resumo

Esta proposta baseia-se no relato de experiências de casos de extensão universitária brasileira focada em questões relacionadas às religiões de matriz africana e a intolerância religiosa. Assim, os seminários a serem apresentados dialogam na perspectiva de superação da intolerância religiosa e conquista de direitos humanos.

RELIGIÃO NÃO RIMA COM INTOLERÂNCIA”: A filosofia de Jesus como desconstrução de dicotomias logocêntricas
Guilherme Lima Cardozo* (CAPES/PUC-RIO/CES)

A intolerância se configura um movimento multifacetado, manifestado em diversas experiências sociais, principalmente na religião. Por vezes invoca-se um cristianismo a fim de legitimar padrões e apagar diferenças. Será que esta era a filosofia de Jesus? Faremos um estudo de caso da “Parábola do Bom Samaritano” para ratificar que a visão do Cristo frente à diferença e às alteridades forja o caráter desconstrutor de sua filosofia, quanto a dicotomias logocêntricas, primando pela valorização de entes sociais até então marginalizados.

Palavras chave: Jesus; desconstrução; intolerância; alteridades; logocentrismo.


LAIKOS E O POVO DE TERREIRO: uma experiência da extensão jurídica no enfrentamento à intolerância religiosa
Saskya Miranda Lopes (UESC/DHRICS-CES)

A partir da atuação do projeto de extensão universitária LAIKOS: enfrentando a intolerância religiosa e promovendo igualdade racial, do departamento de ciências jurídicas da Universidade Estadual de Santa Cruz em Ilhéus na Bahia – Brasil, relataremos a primeira experiência de intolerância religiosa assistida juridicamente pelo Laikos, uma experiência que reflete a realidade jurídica sobre direitos e defesa das religiões de matriz africana contra o preconceito no sul de um dos Estados mais populosos em afrodescendentes no Brasil. O relato de experiência irá discorrer sobre como a intolerância religiosa se esconde em aparente conflito de vizinhança, sobre os entraves no sistema de justiça, a resistência e o sistema de enfrentamento ao racismo e a intolerância religiosa que foi construído pelo Estado da Bahia.

Palavras chave: intolerância religiosa, racismo, extensão universitária, direito


“AXÉ PRA QUEM É DE AXÉ SARAVÁ PRA QUEM É DE SARAVA” : formação docente e religião de matriz africana
Luciane Ribeiro Dias Gonçalves (CAPES/UFU/CES)

Este seminário tem como concepção central as discussões sobre o direito constitucional da liberdade religiosa e da laicidade do Estado, focando em Ituiutaba e Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. Objetiva relatar a experiência, em andamento, de formação de profissionais em diversidade religiosa, na perspectiva das religiões de matriz africana, visando o enfrentamento à intolerância e violência religiosa. Relata atividades que veem sendo desenvolvidas no programa que realiza encontros entre o povo do santo, acadêmicos e população em geral interessada em espaços alternativos como praças, centros de convivência universitárias, casas de umbanda, centros comunitários, dentre outros. Desta forma, são promovidas rodas de conversas e oficinas culturais abordando a temática saberes e religiosidade afro-brasileira. Assim, a proposta é dar visibilidade positiva aos valores afro-brasileiros e repassar saberes herdados sobre o uso das plantas e preservação da natureza, propiciando o esclarecimento sobre a importância dessas práticas para a manutenção das nossas heranças ancestrais. Ao darmos visibilidade as práticas da religiosidade afro-brasileira contribuímos com a conscientização da população para o exercício da alteridade e combate as formas de preconceito e perseguição religiosa e cultural. O programa segue a perspectiva de promover a implementação efetiva da Lei 10.639/03, propiciando a interlocução dessas vivências e experiências do saber ancestral a produção do conhecimento escolar. Rompendo essas barreiras faremos valer o exercício da cidadania, dos direitos humanos e da garantia de culto numa sociedade laica e diversa como a brasileira.

Palavras chave: Direitos humanos, Religiões afro-brasileiras, cidadania, Lei 10.639/03.


Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito | DECIDe