Seminário

As perspetivas indígenas e a agroecologia: uma proposta de tradução intercultural em torno da soberania alimentar

Giovanna Micarelli

Luciana Jacob

31 de março de 2014, 16h30

Sala 1, CES-Coimbra

Resumo

A soberania alimentar configura-se como um impulso comum a diversas lutas, grupos sociais, economias e formas de produção. O conceito de soberania alimentar aqui referido é o proposto pela Via Campesina, entendido como o direito dos povos de definir suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação para toda a população com base na pequena e média produção, respeitando suas próprias culturas e a diversidade de modos camponeses, pesqueiros e indígenas de produção agropecuário, de comercialização e de gestão dos espaços rurais, nos quais a mulher desempenha um papel fundamental.  Este seminário tem como objetivo debater, na perspectiva do trabalho de tradução intercultural, o tema da soberania alimentar a partir de dois contextos distintos. Por um lado, serão explorados os significados dos alimentos entre alguns grupos indígenas da Amazônia colombiana e sua relação com as noções de território e de pessoa. Também será brevemente analisado o potencial dos novos movimentos de "comida lenta" para os produtores indígenas. De outro lado, será analisada a articulação entre a soberania alimentar e a agroecologia em suas lutas, saberes e práticas, a partir da realidade brasileira.


Notas biográficas

Giovanna Micarelli é Professora Associada de Antropologia da Pontifícia Universidade Javeriana, Bogotá, Colômbia e pesquisadora do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (Bolseira Marie Curie). Desde 1995 tem trabalhado com os Conibo Shipibo da região de Ucayali, no Perú, os Tikuna do rio Amacayacu e os povos indígenas pertencentes ao grupo supra-étnico Gente de Centro, na periferia da cidade colombinana de Letícia.

Luciana Jacob é investigadora em pós-doutoramento do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e estuda a epistemologia da agroecologia a partir da sociologia das ausências e sociologia das emergências. É Doutora em Ecologia Aplicada (Universidade de São Paulo), Mestre em Educação (Universidade de Brasília) e Engenheira Agrônoma (Universidade de São Paulo). Possui histórico de atuação técnica e militante junto a comunidades e movimentos sociais, a diferentes esferas governamentais e a organizações não-governamentais no Brasil.

 

Atividade no âmbito do projeto ALICE - Espelhos estranhos, lições imprevistas: definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do mundo