Seminário

De Luandino a Coetzee: representação das formas de violência 

Laura Cavalcante Padilha (Universidade Federal Fluminense)

6 de novembro de 2014, 17h00

Sala 2, CES-Coimbra

Resumo

Ao invés de João Paulo, eu traria Luandino, com A vida verdadeira de Domingos Xavier, romance escrito em 1961, quando começou o tempo da guerra, ou, pelo menos, o seu primeiro movimento. Traria, também, o Coetzee e o "Michael", já então, mostrando que o colonialismo, no primeiro caso, e o neocolonialismo, no segundo, não impedem que o sujeito seja submetido - por ser visto como uma menos-valia no espaço marcado pela colonialidade do poder - às mais absurdas formas de violência. No caso da África do Sul, o personagem já tem essa menos-valia a partir de seu nascimento, pela deformidade física que carrega, e o Domingos, pela subalternidade de seu lugar de operário. Trabalharia, portanto, por aí. É claro que falar de Luandino é sempre mais fácil para mim. Ao invés da precedência do romance de Coetzee, discutiria esse "abrir as portas" de um mundo de violência e exclusão por Luandino, já que seu romance é sustentado pelo neo-realismo, não é? E não pela alegoria.


Nota biográfica

Laura Cavalcante Padilha é Professora Emérita da Universidade Federal Fluminense desde 2011. Durante seu percurso acadêmico atuou administrativamente como Vice-diretora da Faculdade de Formação de Professores de São Gonçalo, hoje Campus Avançado da UERJ. No âmbito da UFF exerceu os cargos de Coordenadora do Curso de Mestrado em Letras; Chefe da Coordenadoria de Pós-Graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pósgraduação; Diretora do Instituto de Letras e Diretora da Editora desta mesma instituição de ensino. Além disso, foi Representante da Área de Letras no Comitê de Avaliação do CNPq (Ciências Humanas) e, ainda, Presidente da ANPOLL e Vice-Presidente da ABRALIC. É membro de Conselhos Editorais de várias Revistas nacionais e estrangeiras. Entre as suas numerosas publicações destacam-se:

O espaço do desejo: Uma leitura de A Ilustre Casa de Ramires de Eça de Queiroz.Niterói/Brasília: EdUFF/Editora UNB, 1989; Entre voz e letra: O lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 1995. A segunda edição da obra foi de 2007, Editoras: EdUFF e Pallas; Novos pactos outras ficções: Ensaios sobre literaturas afro-luso-brasileiras. Obra editada em: Porto Alegre: Editora da PUC do Rio Grande do Sul, 2002 e em Lisboa: Novo Imbondeiro, 2002.

Mário Pinto de Andrade: Um intelectual na política. Organização com Inocência Mata. Lisboa: Edições Colibri, 2001; A poesia e a vida: Homenagem a Alda Espírito Santo. Organização com Inocência Mata. Lisboa: Edições Colibri, 2006; A mulher em África: Vozes de uma margem sempre presente. Organização com Inocência Mata. Lisboa: Edições Colibri, 2007; Bordejando a margem – Poesia de mulheres: Uma recolha do Jornal de Angola. Organização com alunos de Iniciação Científica – A. Fabiani; L. A. Silva; O. Meloni e P. Barros. Luanda: Kilombelombe, 2007; Lendo Angola. Organização com Margarida Calafate Ribeiro. Porto: Afrontamento,

2008; De guerras e violências palavra, corpo, imagem. Organização com Renata Flávia da Silva. Niterói: Editora da UFF, 2011.


Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP)