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A noção de risco está diretamente associada ao desenvolvimento do capitalismo, estando relacionada, numa primeira fase, com o cálculo dos possíveis prejuízos decorrentes da navegação de longo curso e, a partir do século XIX, com a avaliação dos custos dos acidentes de trabalho e a contabilização dos seguros de trabalho. Com o desenvolvimento da estatística e da sua utilização como instrumento de governação e de controlo das populações, a noção de risco alargou-se, com a generalização dos seguros, do risco profissional ao risco social. Assim, a noção de risco passa a incorporar o cálculo da probabilidade de ocorrência de um acontecimento que ponha em causa algo que o ser humano valoriza. Esse cálculo é feito a partir da acumulação de conhecimento de factos e acontecimentos passados e assenta no papel dos grandes sistemas de cálculo e no trabalho de peritos.

O conceito de risco incorpora um cálculo de previsibilidade e uma tentativa de controlo, a partir do conhecimento, do futuro e de domesticação do aleatório. Paradoxalmente, perspetivas neoliberais como as de Ulrich Beck e Anthony Giddens sobre a sociedade do risco e a democratização do risco acentuam o papel da incerteza na definição de futuros possíveis, criticando o conceito de risco e libertando os indivíduos da tecnocracia e dos especialistas. A celebração pelos autores neoliberais da incerteza, contra os direitos adquiridos pela generalização dos seguros e dos apoios sociais, potencia a consagração do discurso da construção pelos indivíduos de subjetividades proactivas, flexíveis, adequadas às exigências de sociedades em constante mudança tecnológica (sociedades em rede, por exemplo).

Integrando os riscos a narrativa da modernidade e constituindo dispositivos de governação das populações, os mesmos serão associados, sobretudo em períodos de crise e de contestação social, a processos de desestabilização e de afetação de uma coesão social imaginada, permitindo identificar e cartografar os grupos vulneráveis e, por acréscimo, os grupos e as classes perigosos, ou, se desprovidos de recursos e de capacidade de mobilização, os grupos e classes descartáveis porque não produtivos.

 

José Manuel Mendes

Observatório sobre Crises e Alternativas
Centro de Estudos Sociais
da Universidade de Coimbra
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