Colégio de Estudos Globais | Lição

Como o Racismo cultural, de classe e de raça criou o Brasil moderno?

Jessé de Souza (Universidade Federal do ABC)

22 de outubro de 2020, 17h00 (GMT +01:00)

Evento em formato digital

Está sessão será constituída pela Lição de Jessé de Souza com apresentação de António Sousa Ribeiro, director do CES.

Resumo

A ideia é refletir sobre o racismo, não apenas como envolvendo fenótipos, como normalmente se faz, mas sim como a meta-linguagem da sociedade, estando por trás de todas as avaliações e decisões concretas que tomamos. O caso brasileiro pode ilustrar esta tese de modo convincente. Toda a interpretação dominante do país é baseada em um "culturalismo" pseudo-científico que na verdade é um mero "equivalente funcional" do velho racismo imperial do século XIX. Os EUA são vistos como modernos, impessoais e "honestos", como na teoria da modernização Parsoniana - e o Brasil é visto com o pré-moderno, patrimonial e corrupto (isso tudo visto como "herança portuguesa", inclusive).

Na verdade, não é difícil mostrar, cabalmante, como esta é a leitura geral do Norte global sobre o Sul global e serve para justificar o saque econômico e as intervenções políticas. A elite interna e subordinada, se identifica com o "americanismo" e usa o culturalismo para estigmatizar e criminalizar a soberania popular, e criminalizar o Estado assistencial internamente.
A partir do "racismo culturalista" é possível compreender a função do racismo de classe e de raça na eternização da secular desigualdade e iniquidade brasileira.   


Nota biográfica

Jessé de Souza
é um sociólogo brasileiro, professor titular da Universidade Federal do ABC, com investigação nas áreas da desigualdade, estratificação social e teoria crítica. É uma referência incontornável do pensamento social brasileiro contemporâneo, tendo publicado sobre sociologia política, teoria da modernização periférica e desigualdades no Brasil contemporâneo. De entre as suas obras recentes, destacam-se A Construção Social da Subcidadania (2006); A ralé brasileira: quem é e como vive (2009); Os batalhadores brasileiros: Nova classe média ou nova classe trabalhadora? (2010, 2012). Mais recentemente publicou A elite do atraso: Da escravidão à Lava Jato (2017).

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Esta atividade realiza-se através da plataforma Zoom, sem inscrição obrigatória. No entanto, está limitada ao número de vagas disponíveis.
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ID da reunião: 865 7314 3170

Agradecemos que todos/as os/as participantes mantenham o microfone silenciado até ao momento do debate. O anfitrião da sessão reserva-se o direito de expulsão do/a participante que não respeite as normas da sala.

As atividades abertas dinamizadas em formato digital, como esta, não conferem declaração de participação uma vez que tal documento apenas será facultado em eventos que prevejam registo prévio e acesso controlado.