Oficina

A reflexão sobre circuitos não-capitalistas de troca a partir da observação participante

Luciane Lucas dos Santos (CES)

19 de abril de 2012, 17h30

Sala 2, CES-Coimbra

Resumo:
A observação participante pressupõe imersão no campo em que o fenómeno analisado se dá. Significa que o investigador efetivamente se aproxima daqueles a quem vai observar, deixando-se afetar pelas manifestações do fenómeno que estuda. Cumpre ressaltar que existem diferentes leituras sobre a observação participante, com algumas correntes divergindo entre si quanto a certos aspetos relacionados à coleta, registo e interpretação dos dados. Sem perder de vista a necessária objetividade na análise das informações, interessa-nos refletir sobre experiências que entendam a observação participante como um efetivo deslocamento do investigador em relação ao seu “lugar” de origem. Sob esta perspetiva e conforme alguns autores, a comunidade estudada é entendida como “comunidade de destino”, em função da partilha que se estabelece. Há, portanto, uma atenção permanente para que a investigação não trate o investigado como mero “objeto” de pesquisa. Este cuidado com a comunidade estudada, bem como questões éticas inerentes ao método, estão entre os pontos que pretendemos abordar nesta comunicação. Tendo como pano de fundo a metodologia da observação participante, procuraremos saber se, no caso dos clubes de troca - âmbito de uma produção e consumo não-capitalistas - uma outra racionalidade sócio-económica se revela possível no contexto das trocas ocidentais.


Bibliografia:
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Nota: Atividade no âmbito do Núcleo de Estudos sobre Democracia, Cidadania e Direito (DECIDe)