Teses Defendidas

A construção de um império: território, conexões e arquitectura na Companhia de Diamantes de Angola

Beatriz Serrazina

Data de Defesa
5 de Janeiro de 2024
Programa de Doutoramento
Patrimónios de Influência Portuguesa
Orientação
Ana Vaz Milheiro e Miguel Bandeira Jerónimo
Resumo
O objeto central desta investigação espaço; o espaço fabricado sob a alçada da Companhia de Diamantes de Angola (Diamang), na Lunda, Angola. A Diamang foi uma empresa de exploração de diamantes, constituída em 1917 e dissolvida em 1988, que operou (sobretudo) no âmbito político do projeto colonial português. Numa extensa área concessionada com 45 483km2, a companhia promoveu e concretizou estruturas nas mais diversas escalas, programas e contextos, que garantiram a permanência de forca de trabalho, imprescindível à atividade mineira e à sua participação na economia global.

Apesar da contribuição na construção politica e material dos impérios coloniais, o espaço da Diamang, à semelhança de outras companhias de exploração, tem-se mantido uma área cinzenta nos estudos que se têm debruçado sobre a produção de arquitetura e de expressões de urbanidade em África, num duplo sentido: por um lado, porque se sabe muito pouco sobre o seu planeamento e produção; por outro, porque apresenta construções correntes, do quotidiano, que não se enquadram no edificado excecional - aos níveis de escala, linguagem, localização ou autoria - que figura na maioria das investigações. Para além destes pontos, a Diamang apresenta ainda significativos pontos de dialogo com empresas coloniais em geografias vizinhas, particularmente no antigo Congo Belga, que nos permitem inquirir a extensão de redes transnacionais e transimperiais na edificação do colonialismo europeu.

Neste trabalho discutem-se planos, projetos e apropriações formais e nominais, assim como pontos de flexão, para uma visão integrada (mas sem pretensões herméticas) das formas construídas a partir da Diamang. Cada parte tem um tema e objetivos bem identificados, versando sobre as construções do território, os imaginários de urbanidade e as espacializações de poder; mas a sua leitura foi pensada no conjunto, de modo complementar, com o intuito de sinalizar e reforçar os múltiplos trajetos de imaginação, nomeação, planeamento, concretização e contestação de espaços coloniais em formação.

Palavras chave: Angola; Diamang; Património; Território