Aula aberta

Nada colonial é inocente

Miguel Vale de Almeida (ISCTE-IUL/CRIA)

21 de março de 2014, 11h00

Anfiteatro I do Edifício de S. Bento | Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra

Resumo

Uma parte substancial das narrativas de identidade nacional portuguesa contemporâneas assenta na experiência histórica que vai dos Descobrimentos à independência das colónias na sequência da Guerra Colonial, passando pelas várias fases e geografias do colonialismo. Certas imagens, objetos, ícones parecem fetichizar (no duplo sentido da expressão) essas narrativas, contribuindo para uma relação de identificação não muito diferente das experiências de publicidade e consumo. Mas que processos sociais, culturais, económicos e políticos escondem esses "feitiços"? Como seriam eles vistos "do outro lado", por sujeitos individuais e coletivos que não se reconhecem nessas narrativas. Ao antropólogo compete dar-lhes voz.


Nota biográfica

Miguel Vale de Almeida (Lisboa, 1960) é Professor Associado com Agregação no Departamento de Antropologia do ISCTEIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia. Licenciado pela Universidade Nova de Lisboa e mestre pela State University of New York, obteve o Doutoramento em 1994 pelo ISCTE. Presentemente é Director da revista Etnográfica. Em 2006 foi professor visitante na University of Chicago. A sua pesquisa tem focado processos de identiidade social e discriminação, em torno do género, da “raça” e etnicidade, e da sexualidade. Fez trabalho de campo em Portugal (1990-91), Brasil (1997-98) e Catalunha (2005). Publicou vários livros, destacando-se Senhores de Si: Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade (1995), Um Mar da Cor da Terra: “Raça”, Cultura e Política da Identidade (ambos publicados também nos EUA e Reino Unido), Outros Destinos. Ensaios de Antropologia e Cidadania (2004) e A Chave do Armário: Homossexualidade, Casamento, Família (2009). Editou ou co-editou livros sobre Corpo e sobre Pós-colonialismo, bem como uma colectânea de crónicas de opinião na imprensa (jornal Público), duas obras de ficção e, entre 2003 e 2011 manteve o blog Os Tempos que Correm. A sua atividade cívica tem-se centrado em questões de discriminação ( “racial”, de género e, sobretudo LGBT). Entre 2009 e 2011 foi deputado à Assembleia da República como independente pelo Partido Socialista, tendo tido um papel de destaque na aprovação das leis sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e sobre a identidade de género.