SEMINÁRIO | GRUPO DE TRABALHO POLICREDOS

Judaísmo na Europa

Júlia Garraio

Marina Pignatelli

Nelson Filipe

9 de dezembro de 2021, 17h00-19h30

Evento em formato digital

Apresentação

Este seminário do segundo ciclo de webseminars do Grupo de Trabalho Policredos será dedicado ao Judaísmo na Europa. Serão apresentados estudos de caso que remetem para situações históricas posteriores a perseguições antissemitas e políticas de extermínio levadas a cabo no continente europeu, nomeadamente pela Inquisição Portuguesa e no Holocausto. Através dos três estudos de caso pretende-se promover um debate sobre as políticas de memória e o lugar do Judaísmo nas identidades europeias.  


Programa

Alguns rastos de (cripto)judaísmo no Nordeste Transmontano, por Marina Pignatelli (ISCSP-UL)
Os quase três séculos de Inquisição terão destruído praticamente todos os vestígios da vida judaica em Portugal. Partindo da hipótese de que alguns rastos dessa presença poderão ter sobrevivido até ao presente, foi lançado um estudo etnográfico para conhecer traços da cultura (cripto)judaica que subsistem na contemporaneidade, iniciado no distrito de Bragança. Serão abordados os “factos judaicos” associados à memória e a uma presença que se mantêm ainda nos dias de hoje, naquela região. Tais dados tornaram-se conhecidos por meio de uma pesquisa antropológica, baseada na busca de dados documentais que complementaram a observação participante, durante a qual foram conduzidas entrevistas em profundidade, conversas informais e observações diretas. Foi assim possível confirmar a hipótese inicial, já que os dados recolhidos permitiram atestar que subsistem práticas e costumes entre os brigantinos atuais, além da memória de uma presença judaica passada.

Os judeus alemães nas memórias da fuga e da expulsão, por Júlia Garraio (CES)
A Flucht und Vertreibung [Fuga e Expulsão], designação usada para a migração forçada de milhões de alemães para Ocidente no final da Segunda Guerra Mundial e no contexto da redefinição de fronteiras que se seguiu ao conflito, corresponde a um dos lugares de memória mais controversos da cultura alemã. Nesta apresentação salientar-se-á o seu papel na (re)construção da identidade alemã na República Federal da Alemanha dos anos 50. Através da análise, por um lado, da (não) presença dos judeus alemães num importante projeto federal de história oral da RFA sobre a Flucht und Vertreibung e em vários textos de memórias publicados na época e, por outro, dos imaginários cristãos que perpassam as recordações destes acontecimentos, discutir-se-ão as implicações da adoção deste evento como emblemático do sofrimento alemão na guerra.

Imagéticas de uma identidade judaica na poesia de Nelly Sachs, por Nelson Filipe (FLUC)
A fuga de Nelly Sachs da Alemanha nazi para a Suécia, em 1940, deu origem a uma reinvenção da sua escrita. Se, até à época de perseguição e ameaça, a dimensão judaica estivera relativamente ausente, veio depois não só a ser assimilada, mas a ter um destaque permanente na obra e na vivência da autora. Depois de uma breve apresentação da vida e da obra de Nelly Sachs, recorrer-se-á a alguns dos seus poemas para mostrar como representam um certo etos da identidade judaica após o período de extermínio. Através de interligações entre fortes imagéticas – tais como as terrenas (areia, vento, mar) e as cósmicas (estrelas, planetas) – a poesia de Sachs convida a uma reflexão sobre o Holocausto, a experiência de exílio e os limites das suas representações.

Moderação: Clara Ervedosa (CES)


Notas biográficas

Marina Pignatelli é professora associada do ISCSP-Universidade de Lisboa. É doutorada em Ciências Sociais na especialidade de Antropologia e Mestre em Ciências Antropológicas pela Universidade de Lisboa, ISCSP, onde leciona. Completou pós-graduações em Etnologia das Religiões, Estudos Sefarditas, Gestão Civil de Crises e Património Cultural Imaterial, e cursos livres na área da religião. Dedica-se ao estudo da realidade judaica em Portugal desde 1991. É investigadora integrada do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia, coordenadora executiva do LEJ-Laboratório de Estudos Judaicos e membro da direção Associação Portuguesa de Antropologia.

Júlia Garraio é investigadora do Centro de Estudos Sociais, onde integra o Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP) e co-coordena o Grupo de Trabalho POLICREDOS, juntamente com Teresa Toldy e Luciane Lucas Santos. Grande parte da sua investigação, das suas atividades e publicações foi dedicada à literatura e à cultura alemã dos séculos XX e XXI. É membro co-fundador do grupo de investigação internacional SVAC-Sexual Violence in Armed Conflict (https://warandgender.net/about/) e faz parte do Conselho Editorial da revista European Journal of Women's Studies. Atualmente é investigadora contratada do projeto DECODEM (Des)Codificar Masculinidades: para uma melhor compreensão do papel dos media na construção de perceções de masculinidades em Portugal. Integra a equipa do projeto O Holocausto em português: um repositório dinâmico de recursos educativos.

Nelson Filipe | A concluir o mestrado em Estudos de Cultura, Literatura e Línguas Modernas (FLUC) com uma dissertação sobre representações da memória na poesia de Nelly Sachs e Manuel António Pina. Bolseiro de investigação no projeto "O Holocausto em português: um repositório dinâmico de recursos educativos" (CES).
 

Atividade no âmbito do grupo de trabalhos POLICREDOS realizado em colaboração com o projeto Holocausto em português: um repositório dinâmico de recursos educativos

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Esta atividade realiza-se através da plataforma Zoom, sem inscrição obrigatória. No entanto, está limitada ao número de vagas disponíveis > https://us02web.zoom.us/j/85680945449?pwd=d2Nja0ZiZWlIWmxiRlM3Q1hIalVXZz09
ID: 856 8094 5449 | Senha: 272790

Agradecemos que todas/os as/os participantes mantenham o microfone silenciado até ao momento do debate. A/O anfitriã/ão da sessão reserva-se o direito de expulsão da/o participante que não respeite as normas da sala.

As atividades abertas dinamizadas em formato digital, como esta, não conferem declaração de participação uma vez que tal documento apenas será facultado em eventos que prevejam registo prévio e acesso controlado.