Oficina

Discursos antigénero na política brasileira contemporânea

Danillo Silva (Universidade Federal de Sergipe)

11 de fevereiro de 2022, 17h00 (GMT)

Evento em formato digital

Apresentação e comentários: Pablo Pérez Navarro (CES)


Enquadramento

Ao menos desde a última década, democracias liberais ao redor do mundo têm experimentado uma intensa resposta neoconservadora a marcos institucionais, jurídicos e legislativos no âmbito da igualdade de gênero, da diversidade sexual e dos direitos sexuais e reprodutivos. No Brasil, a ascensão da extrema-direita ao poder político, após as eleições presidenciais de 2018, significou uma intensificação da ofensiva antigênero, especialmente como resultado de sua cooptação estratégica pelo repertório ideológico do bolsonarismo. Esse novo estágio da ofensiva pode ser caracterizado por sua passagem de um estado de mobilização social – a exemplo do ocorrido em controvérsias públicas como as do “kit gay” ou da atuação de movimentos como o Escola Sem Partido – às estruturas e aos repertório políticos do próprio Estado. Esse movimento de relativa institucionalização de políticas antigênero tem sido particularmente protagonizado pelo então criado Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, liderado pela pastora neopentecostal e ativista antiaborto Damares
Alves.

O objetivo desta oficina é analisar alguns dos principais reenquadramentos de sentidos mobilizados pelo Ministério com vistas a incorporar um registro discursivo antigênero à sua produção legislativa, técnica e midiática. Mais do que suprimir ou censurar a linguagem de direitos humanos, o que está em curso na política brasileira é a efetivação de uma leitura purificadora sobre esses direitos, a qual visa a pôr em crise os lastros de sentido sobre os quais políticas públicas de direitos humanos foram paulatinamente construídas no país, especialmente aquelas forjadas nas lutas históricas pela democracia encampadas por movimentos sociais feministas e LGBT.


Nota biográfica

Danillo Silva é linguista, mestre e doutorando em Estudos Linguísticos pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), com estágio de investigação no Núcleo de Estudos em Discursos e Sociedade do Programa Interdisciplinar de Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NUDeS/PIPGLA/UFRJ). É especialista em Gênero e Direitos Humanos pela Universidade Federal da Bahia
(UFBA) e integra a Comissão de Inclusão, Diversidade e Igualdade de Associação Brasileira de Linguística (Abralin). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Alagoas (IFAL), Brasil. Atua como Visiting Researcher no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES/UC). Autor de artigos e capítulos nas vertentes sociais e antropológicas dos estudos da linguagem, em 2019 publicou o livro Quando dizer é violentar: violência linguística e transfobia em comentários online (Editora Devires). Atualmente tem-se dedicado a pesquisas sobre discurso, gênero, sexualidade, violência e política.

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Esta atividade realiza-se através da plataforma Zoom, sem inscrição obrigatória. No entanto, está limitada ao número de vagas disponíveis > https://us02web.zoom.us/j/89081086763?pwd=OU4vUGlEZHNhV1hSeVlCWXVOSEc3dz09 | ID: 890 8108 6763 | Senha: 068114

Agradecemos que todas/os as/os participantes mantenham o microfone silenciado até ao momento do debate. A/O anfitriã/ão da sessão reserva-se o direito de expulsão da/o participante que não respeite as normas da sala.

As atividades abertas dinamizadas em formato digital, como esta, não conferem declaração de participação uma vez que tal documento apenas será facultado em eventos que prevejam registo prévio e acesso controlado.