Oficina

Saúde Mental e Direitos Humanos

13 de outubro de 2022, 14h00

Sala de Seminários (Piso 2), CES | Sofia - Colégio da Graça

Apresentação

A cidadania e direitos humanos daqueles que vivem com diagnósticos psiquiátricos constituem uma das últimas última fronteira nas lutas pelos direitos civis iniciadas no século XX. Este encontro aborda a interdependência estreita entre concepções de direitos humanos e modelos de conhecimento da doença e da saúde mental. Cruzando perspectivas globais e locais, com ênfase nas epistemologias contra-hegemónicas do Brasil e do ativismo global, neste encontro abordam-se as relações entre experiência, saberes, lutas e direitos humanos, e em particular o papel dos ativistas na transformação emancipatória da saúde mental. Num primeiro momento, o encontro prevê intervenções em diálogo de Paulo Amarante e de João Arriscado Nunes, seguidas de um debate. Num segundo momento, procuremos aprofundar o debate através da apresentação de três estudos de caso, seguidas de debate com o público.

Oficina organizada no âmbito do projeto «PSYGLOCALSofrimento psíquico e direitos humanos: epistemologias da saúde mental, políticas e ativismo na psiquiatria (Lisboa, Portugal e Salvador, Brasil, c. 1950 - c. 2020», finaciado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia


Programa

14h00 – 15h30: Perspetivas do Sul Global em debate
Paulo Amarante (Fundação Oswaldo Cruz)
João Arriscado Nunes (CES/ FEUC – Un. de Coimbra)

16h00 – 17h30: Ativismo e Direitos Humanos na Psiquiatria
Leandra Brasil da Cruz (Fundação Oswaldo Cruz)
Mônica Nunes (Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia)
Tiago Pires Marques (CES)


Notas biográficas

Paulo Amarante (Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz)
Médico, Especialista em Psiquiatria, Mestre em Medicina Social, Doutor e Pós Doutor em Saúde Pública. Pesquisador Sênior da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz). Foi fundador do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (LAPS), da referida fundação, do qual foi Coordenador e Pesquisador Titular. Segue sendo Líder do Grupo de Pesquisas do mesmo nome, do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Fundador e ex-Presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (ABRASME), e Presidente Honoris causa. É Doutor Honoris causa da Universidade Popular de Madres de Plaza de Mayo (Argentina); Professor Honorífico da Faculdad de Psicolog[ia de la Universidad Naional de Rosario (Argentina). Membro do Conselho Consultivo da Plataforma Brasileira de Política de Drogas; Membro do GT de Saúde Mental Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO). Membro do Comitê Executivo Brasileiro da International School Franca & Franco Basaglia (OMS/Centro di Studi e Ricerche per la Salute Mentale/Trieste/Itália). Membro do Comitê de Participação da Copersamm (Conferenza Permanente per la Salute Mentale nel Mondo); Membro do International Institute for Psychiatric Drugs Withdrawal (IIPDW). É autor dos livros "Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil", "Teoria e Crítica em Saúde Mental - Textos selecionados";, “Loucura e Transformação Social – autobiografia da Reforma Psiquiátrica no Brasil”, dentre outros.

João Arriscado Nunes (CES/ FEUC – Um de Coimbra)
João Arriscado Nunes é Professor Catedrático de Sociologia da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, co-coordenador do Programa de Doutoramento "Governação, Conhecimento e Inovação"; e Investigador do Centro de Estudos Sociais. Membro da coordenação do projeto ALICE - Espelhos estranhos e lições imprevistas, dirigido por Boaventura de Sousa Santos e financiado pelo European Research Council (2011-2016). Pesquisador Visitante na Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), no Rio de Janeiro (2011-2012). Coordenou e participou em vários projetos nacionais e internacionais no domínio dos Estudos Sociais de Ciência, Tecnologia, Saúde e Ambiente. Co-organizador de Enteados de Galileu: A Semiperiferia no Sistema Mundial da Ciência; Reinventing Democracy: Grassroots Movements in Portugal; Objectos Impuros: Experiências em Estudos Sobre a Ciência.

Leandra Brasil da Cruz (Fundação Oswaldo Cruz)
Mestre em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2015), Leandra Brasil da Cruz é docente e participa da Coordenação do Curso de Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, da Fundação Oswaldo Cruz e da Pesquisa "Práticas de cuidado em saúde mental, crack, álcool e outras drogas na atenção básica em áreas de vulnerabilidade social: Desafios e impasses na gestão do cuidado". Atua principalmente em saúde mental e cultura, atenção psicossocial, população de rua e assistência psiquiátrica.

Mônica Nunes (ISC – Universidade Federal da Bahia)
Médica psiquiatra, PhD em Antropologia, Professora Titular do Instituto de Saúde Coletiva – UFBA, Coordenadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde Mental – NISAM, Membro do Núcleo Coordenador da Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Associação Brasileira em Saúde Coletiva – ABRASCO, atualmente Professora visitante no Centro de Estudos Sociais – Universidade de Coimbra. Autora de mais de cinquenta artigos em jornais científicos e coeditora das coletâneas Legitimidades da Loucura. Sofrimento, luta, criatividade e pertença e Saúde Mental na Atenção Básica: Política e Cotidiano, entre outras.

Tiago Pires Marques (CES)
Investigador Principal FCT no Centro de Estudos Sociais (CES), Universidade deCoimbra desde 2014. Doutorado em História no Instituto Universitário Europeu de Florença, com a dissertação Crime and the Fascist State (Routledge, 2016). Realizou o seu pós-doutoramento entre 2008 e 2013, com o projeto “Ciência, religião e subjetividades”, no Institut d’Histoire et de Philosophie des Sciences et des Techniques (Ecole Normale Supérieure - Universidade de Paris 1), no Cermes3 (CNRS) e na Universidade Católica Portuguesa. Investiga a história dos modelos de saúde mental na sua relação com a medicalização da vida e com a história dos direitos humanos. Interessa-se especialmente pelos saberes, propostas políticas e alternativas à psiquiatria produzidas pelos movimentos de utentes no campo da psiquiatria. É Investigador Responsável do projeto PSYGLOCAL - Sofrimento psíquico e direitos humanos: epistemologias da saúde mental, políticas e ativismo na psiquiatria (Lisboa, Portugal e Salvador, Brasil, c. 1950 – c. 2020), financiado pela FCT.