Livro

«Cuidar de Portugal: Hipóteses de Economia Política em tempos
convulsos» de José Reis

Almedina, 2020

Sinopse

Estávamos conscientes da insustentabilidade crescente da Economia portuguesa, fosse pela viragem dos capitalismos para a financeirização, pela redução da capacidade da ação pública, pela submissão do coletivo ao privado ou pela tragédia das alterações climáticas. Mas o incómodo que sentíamos era confortado pela linearidade dos tempos, e pelo futuro que seria, sempre, mais ou menos conhecido. O tempo, no entanto, colapsou e caiu sobre nós de um dia para o outro. Sem tempo para que se evitassem ou minorassem os impactos. Sem aviso. Com a pandemia do coronavírus a ameaçar todos, a deixar a descoberto tantas fragilidades, e tantas fábricas paradas com sapatos apenas meio feitos, resta-nos agir.

Num conjunto de ensaios, José Reis problematiza as fraquezas e aponta o caminho: uma economia do cuidado.    

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«A Covid-19 revelou o que fica e o que passa. Quando o cuidado pela vida passa à frente do resto, os mercados mostram-se inúteis. As funções sociais do Estado, para garantirem cuidados de saúde e sustento para trabalhadores e empresas, foram lembradas a todos.

A «economia do cuidado», de que nos fala José Reis, é sustentável porque garante o mínimo de autossuficiência — pelo contrário, a União é um instrumento de total integração e dependência, que deixa os vulneráveis cada vez mais vulneráveis.

Ela só é possível em plena democracia política, social e económica — pelo contrário, a União é um espaço de afrouxamento democrático. Ela pode existir porque está num território determinado — pelo contrário, a União ignora na desistência da coesão e com a sua moeda disfuncional, as diferentes economias que abarca, trabalhando para os «vencedores». É tudo uma questão de escala.»

Daniel Oliveira, in, Prefácio

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«Para lá de um diagnóstico, que está longe de estar adquirido, (...) José Reis avança com alternativas, sobretudo no campo da política regional e industrial, para uma economia nacional mais auto-suficiente e logo menos vulnerável. Cuidar deste país é de facto atentar nas suas vulnerabilidades e nos meios de as superar. Não deixem de ler.»


João Rodrigues, in Ladrões de Bicicletas, http://ladroesdebicicletas.blogspot.com


Sobre o autor

José Reis é Professor Catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), onde se licenciou [1978] e
doutorou [1989] em Economia, tendo obtido a Agregação em 1998.

Em 2018, foi Directeur d’Études Associé da Maison des Sciences de l’Homme, em Paris. É Presidente da Direção da Associação Portuguesa de Economia Política, membro do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, Coordenador do Observatório sobre Crises e Alternativas e Cocoordenador do Programa de Doutoramento em Governação, Conhecimento e Inovação.

Foi Presidente da Comissão de Coordenação da Região Centro [1996-1999], Secretário de Estado do Ensino Superior [1999- 2001] e Presidente do Conselho Científico [1992-1994 e 2000-2004] e Diretor da FEUC [2009-2015]. Tem sido investigador ou professor visitante em Universidades dos Estados Unidos da América, França, Itália e Brasil. Tem como principal referência a economia portuguesa.

É autor dos livros, A Economia Portuguesa: Formas de Economia Política numa periferia persistente (1960-2017), Ensaios de Economia Impura, Coimbra, Almedina/CES, Portugal e a Europa em Crise: Para acabar com a economia de austeridade (com João Rodrigues), A Economia Política do Retrocesso: Crise, causas e objetivos, entre diversas participações em obras coletivas.